São Paulo, quarta-feira, 15 de abril de 2009

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Brasil espera que indicação de negociador com Havana seja "passo além" dos EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os principais países da região, à frente Brasil e Argentina, tentam negociar com os EUA para que o presidente Barack Obama faça "um gesto" ou dê "mais um passo" em direção a Cuba na Cúpula de 34 países das Américas, que começa na sexta, em Trinidad e Tobago: a nomeação de um conselheiro especial para o país ou de um negociador específico, como foi feito para o Oriente Médio.
Planalto e Itamaraty avaliam que esse gesto acalmaria as pressões para o fim imediato do embargo americano a Cuba, que Obama não teria condições políticas de negociar agora.
Além disso, a nomeação de um conselheiro ou negociador compensaria o fato de o documento negociado para o encontro não fazer referência nem a Cuba nem à crise econômica.
Assim, Brasil e seus principais aliados tentam acertar que Obama faça uma sinalização de que o fim do embargo é uma possibilidade no horizonte. Seria suficiente para dar suporte à estratégia brasileira de neutralizar eventual constrangimento para o líder americano.
O temor de Washington e mesmo de Brasília é de declarações rudes e tom de confronto, por exemplo, dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, os dois mais estridentes adversários dos EUA na América do Sul.
Em entrevista ontem, o chanceler Celso Amorim falou que, apesar de Cuba estar fora do texto final, é "impossível" não ser assunto da cúpula: "É um tema que ficará pairando, é agenda não escrita".
Ele qualificou o embargo de "anomalia" e usou em público o argumento que Lula e seu governo vêm usando em conversas com parceiros da região: "Obama é um presidente novo, que tem revelado boas intenções de interlocução".
Ou seja: o Brasil articula um ponto de equilíbrio entre os EUA e os principais adversários de Washington, dos quais espera um "voto de boa vontade" para o primeiro presidente negro americano, que nasceu no Havaí, morou na Indonésia e teria, em tese, mais abertura para Cuba e para toda a região.
Segundo o ministro Carlos Sérgio Sobral Duarte, chefe do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, embora os temas crise e Cuba não estejam no documento-base, os presidentes poderão tratar de ambos "em caráter político" e até aprovarem declarações específicas sobre eles.
Os presidentes têm jantar na sexta, plenária no sábado e um "retiro" no domingo, de onde podem sair as manifestações mais relevantes do encontro.


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