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Brasil espera que indicação de negociador com Havana seja "passo além" dos EUA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os principais países da região, à frente Brasil e Argentina, tentam negociar com os
EUA para que o presidente Barack Obama faça "um gesto" ou
dê "mais um passo" em direção
a Cuba na Cúpula de 34 países
das Américas, que começa na
sexta, em Trinidad e Tobago: a
nomeação de um conselheiro
especial para o país ou de um
negociador específico, como foi
feito para o Oriente Médio.
Planalto e Itamaraty avaliam
que esse gesto acalmaria as
pressões para o fim imediato do
embargo americano a Cuba,
que Obama não teria condições
políticas de negociar agora.
Além disso, a nomeação de
um conselheiro ou negociador
compensaria o fato de o documento negociado para o encontro não fazer referência nem a
Cuba nem à crise econômica.
Assim, Brasil e seus principais aliados tentam acertar que
Obama faça uma sinalização de
que o fim do embargo é uma
possibilidade no horizonte. Seria suficiente para dar suporte à
estratégia brasileira de neutralizar eventual constrangimento para o líder americano.
O temor de Washington e
mesmo de Brasília é de declarações rudes e tom de confronto,
por exemplo, dos presidentes
da Venezuela, Hugo Chávez, e
da Bolívia, Evo Morales, os dois
mais estridentes adversários
dos EUA na América do Sul.
Em entrevista ontem, o
chanceler Celso Amorim falou
que, apesar de Cuba estar fora
do texto final, é "impossível"
não ser assunto da cúpula: "É
um tema que ficará pairando, é
agenda não escrita".
Ele qualificou o embargo de
"anomalia" e usou em público o
argumento que Lula e seu governo vêm usando em conversas com parceiros da região:
"Obama é um presidente novo,
que tem revelado boas intenções de interlocução".
Ou seja: o Brasil articula um
ponto de equilíbrio entre os
EUA e os principais adversários
de Washington, dos quais espera um "voto de boa vontade"
para o primeiro presidente negro americano, que nasceu no
Havaí, morou na Indonésia e
teria, em tese, mais abertura
para Cuba e para toda a região.
Segundo o ministro Carlos
Sérgio Sobral Duarte, chefe do
Departamento de Organismos
Internacionais do Itamaraty,
embora os temas crise e Cuba
não estejam no documento-base, os presidentes poderão tratar de ambos "em caráter político" e até aprovarem declarações específicas sobre eles.
Os presidentes têm jantar na
sexta, plenária no sábado e um
"retiro" no domingo, de onde
podem sair as manifestações
mais relevantes do encontro.
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