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VENEZUELA VOTA
Estrangeiros fazem planos contra eventuais distúrbios no país após a divulgação dos resultados do plebiscito
Empresas prevêem "violência moderada"
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
Prevendo uma "violência moderada" após o plebiscito de hoje,
que pode tirar Hugo Chávez da
Presidência, empresas estrangeiras instaladas na Venezuela elaboraram planos de contingência
para eventuais distúrbios, disse à
Folha o diretor de uma multinacional no país.
"Os dois lados têm grupos radicais que devem reagir com violência. Serão distúrbios de curto prazo, que durarão um ou dois dias,
mas não terão como alvo as empresas instaladas aqui", disse, sob
a condição de anonimato.
Segundo esse diretor, os planos
de contingência envolvem a proteção das instalações físicas e esquemas de funcionamento em
condições desfavoráveis.
A preocupação tem precedentes
bastante recentes. No dia 3 de junho, após o Conselho Nacional
Eleitoral (CNE) ter confirmado
que a oposição havia conseguido
as assinaturas suficientes necessárias para o plebiscito, supostos
militantes chavistas incendiaram
veículos no centro de Caracas, e
um jornal que faz oposição ao governo foi atacado a tiros.
7.500 empregos
Radicadas há vários anos no
país, as três maiores empresas
instaladas na Venezuela, a empreiteira Odebrecht, a cervejaria
Brahma e estatal Petrobras, não
quiseram comentar medidas de
segurança ou a situação política
venezuelana. Juntas, empregam
cerca de 7.500 pessoas, na maioria
venezuelanos.
A empresa com o maior número de funcionários é a Odebrecht
-5.000 funcionários, espalhados
por quatro grandes projetos pelo
país -alguns com financiamento
brasileiro contratados antes do
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Caracas, a empreiteira constrói a quarta linha de metrô da cidade, com um financiamento de
US$ 107 milhões do BNDES, segundo o diretor-presidente da
Odebrecht na Venezuela, Euzenando Azevedo. A obra, prevista
para ser entregue no final de 2006,
teve início no governo de Rafael
Caldera (1993-8).
Outra obra de grande porte é o
sistema viário Orinoco, que inclui
uma ponte e 170 km de estrada.
De acordo com Azevedo, a obra
foi contratada em 2000, durante
os governos Chávez e Fernando
Henrique Cardoso, e é financiada
pelo Banco do Brasil. Valor: US$
384 milhões.
Finalmente, a Odebrecht está
implantando um sistema de irrigação numa área de 10 mil hectares, no projeto "El Dilúvio".
Na Venezuela desde 1994, a Petrobras está envolvida na exploração e produção de gás e petróleo
em várias regiões do país, segundo seu diretor no país, o argentino
Miguel Bibbó.
Em conjunto com seus parceiros, a Petrobras tem cerca de US$
1,6 bilhão de dólares investidos no
país e planejar investir mais US$
1,1 bilhão nos próximos cinco
anos. Entre empregos diretos e indiretos, tem 1.400 funcionários.
Já a cervejaria Brahma mantém
uma fábrica no país desde 1994,
que abastece a Venezuela, o Caribe e parte do Norte brasileiro. A
empresa tem 1.130 empregados.
(FABIANO MAISONNAVE)
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