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Plebiscito testa política de Lula "pró-ativa"
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
O plebiscito que decidirá
hoje o futuro do presidente
venezuelano, Hugo Chávez,
também será um teste para a
diplomacia "pró-ativa" do
colega brasileiro, Luiz Inácio
Lula da Silva, segundo analistas ouvidos pela Folha.
"Um referendo pacífico será uma vitória para o povo
venezuelano e para as iniciativas diplomáticas do Brasil", disse a cientista política
britânica Julia Buxton, especialista em Venezuela. "A
tentativa de liderança de Lula é um desafio ao domínio
americano, mas que parece
cada vez mais moderado."
"Claro que é fundamental", disse à Folha Ricardo
Seitenfus, especialista em relações internacionais. Ele divide a atuação de Lula em
duas fases: "Na primeira, havia a predisposição para agir
na Venezuela antes mesmo
de tomar posse, ao enviar
Marco Aurélio Garcia".
A visita do assessor internacional de Lula, em dezembro de 2002, foi acusada de
ingerência pela oposição. No
início de 2003, durante a greve geral, que paralisou a economia do país por 63 dias, a
embaixada do Brasil em Caracas recebeu ameaças de
bomba, e houve manifestações perto da residência oficial do embaixador, à época
Ruy Nogueira.
Foi nessa época que Lula
lançou o Grupo de Amigos
da Venezuela, com a participação de México, Chile, Espanha, Portugal e EUA. O
grupo atuou nas negociações que deram início ao
processo do plebiscito, após
acordo em maio de 2003. A
inclusão de Washington
agradou à oposição, mas desatou críticas do governo.
Para Seitenfus, começa aí a
segunda fase, mais crítica,
do governo Lula, "sobretudo
quando Chávez não aceitava
o referendo". "Agora, o governo acompanha o plebiscito à distância, mas simpatiza com Chávez", diz. Seitenfus ressalta os reflexos
econômicos: "Nunca as relações comerciais estiveram
em níveis tão altos".
(FM)
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