|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA repensam sua defesa depois dos atentados
DA REPORTAGEM LOCAL
O Departamento da Defesa
americano iniciou um processo
de repensar a defesa da maior potência militar do planeta para enfrentar as ameaças convencionais
e as chamadas "assimétricas", caracterizadas por um inimigo que
usa armas radicalmente diferentes, explorando as fraquezas do
adversário, como fizeram os terroristas em 11 de setembro.
No Afeganistão o desafio era
único, e os americanos tinham o
fracasso soviético dos anos 80 como lição. Obviamente os EUA poderiam ter tentado a mesma solução -uma maciça invasão convencional por tropas terrestres
apoiadas pela aviação. Mas não se
tratava apenas de invadir um país
para depor um governo.
A resposta americana envolveu
o que seus militares chamam de
"um novo estilo" de guerra. A lição básica envolveu adaptar o
enorme arsenal americano a um
inimigo em parte "simétrico", em
parte "assimétrico".
O fanático grupo religioso que
dominava o país, o Taleban, tinha
também seus tanques e soldados.
Apesar desse armamento, a verdadeira força e o controle exercido sobre o Afeganistão pelo Taleban e pela rede terrorista Al Qaeda eram algo intangível, na definição do especialista americano Anthony Cordesman, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.
"Parecia ser uma guerra longa e
difícil, dado o poderio pré-guerra
do Taleban e a fraqueza da oposição. A incerteza crucial era sempre o quão leal ou hostil cada grupo étnico importante seria ao Taleban e à Al Qaeda, e o colapso catalítico do Taleban certamente
ocorreu tanto por razões políticas
e étnicas como pelas militares",
afirmou Cordesman.
É por isso que, no seu relatório
anual ao presidente e ao Congresso, recém-divulgado, o secretário
da Defesa dos EUA, Donald
Rumsfeld, colocou em primeiro
lugar o aspecto "multidisciplinar"
do conflito.
O relatório lembra literalmente
uma velha máxima, "a melhor defesa é o ataque", o mesmo que dizia no século 18 o rei Frederico, o
Grande, da Prússia -"aquele que
tenta tudo defender tudo perde".
Por isso os americanos começaram a caçar terroristas não só no
Afeganistão como em outras partes do mundo, tentando matar o
mal pela raiz. Isso está por trás de
deslocamentos de tropas ou assessores militares para a Ásia
Central, para as Filipinas e também para a vizinha Colômbia,
apesar de a guerra ao narcotráfico
ter ficado em segundo lugar depois do "terror".
O relatório de Rumsfeld afirma
claramente que o equipamento
"high-tech" não substitui totalmente o velho e convencional e
que as armas guiadas que antes
eram saudadas por sua "precisão
cirúrgica" só foram eficazes graças "às fora de moda botas no terreno" (isto é, os soldados em terra
que apontavam os alvos para os
aviões e os mísseis).
Até o final da Guerra Fria relatórios de secretários da Defesa eram
obcecados pela rivalidade com a
União Soviética. Páginas e páginas incluíam comparações sobre
forças estratégicas, navais e terrestres da Otan (aliança ocidental) e do rival Pacto de Varsóvia.
"Estados delinquentes", na visão americana, como Iraque, Irã,
e Coréia do Norte, passaram a ser
os vilões depois, com ênfase nos
seus programas de produção de
armas químicas, biológicas, radiológicas ou nucleares.
(RBN)
Texto Anterior: Estratégia: Forças terrestres serão decisivas no Iraque Próximo Texto: Porta-aviões ganham destaque Índice
|