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Panamá serve de base
para calcular baixas
DA REDAÇÃO
Caso os EUA sejam forçados a
combater nas cidades iraquianas,
Michael O'Hanlon, do Instituto
Brookings, sugere que a melhor
analogia seria a invasão americana do Panamá, em 1989, cuja meta
foi prender o general Manuel Antonio Noriega, acusado de elo
com o narcotráfico.
Cerca de 22,5 mil militares dos
EUA participaram, além de boa
parte dos 10 mil soldados americanos na época baseados no Panamá. A invasão começou com
bombardeios aéreos e operações
simultâneas contra 27 objetivos.
Visou surpreender Noriega, controlar as comunicações e impedir
uma reação das forças panamenhas, de cerca de 4.400 integrantes e milhares de paramilitares.
Os combates mais intensos duraram um par de dias e, em uma
semana, os EUA tinham total
controle. Noriega refugiou-se na
Embaixada do Vaticano, mas rendeu-se em 3 de janeiro. Morreram
23 militares americanos, 125 panamenhos e entre 200 e 600 civis.
Mas O'Hanlon alerta: "Os desafios no Iraque são muito superiores. Há uma força quase cem vezes maior, um território cinco vezes mais extenso. O país é dez vezes mais populoso, a distância dos
EUA é cinco vezes maior. E Saddam não será surpreendido".
Numa hipótese mais otimista e
tomando como base a analogia do
Panamá, O'Hanlon calcula que, se
os combates urbanos durarem
três dias, os EUA terão cerca de
2.000 baixas (400 mortos) e o Iraque em torno de 12 mil (3.000
mortos). O cálculo acima considera que as forças americanas e
aliadas totalizarão 250 mil, contra
cerca de 100 mil soldados iraquianos (forças de elite e parte dos efetivos regulares fiel a Saddam). O
resto do Exército iraquiano se desintegraria ou desertaria.
Numa perspectiva mais pessimista, em que metade do Exército
iraquiano regular lute para valer,
os cerca de 250 mil americanos e
aliados enfrentarão 250 mil soldados iraquianos. Se a fase intensa
da guerra durar dez dias, as forças
invasoras terão 15 mil baixas
(3.000 mortos) contra 40 mil (10
mil mortos) do lado iraquiano.
O pesquisador lembra outro
episódio em que forças americanas se envolveram num combate
urbano: a morte de 18 soldados
americanos em Mogadício, capital da Somália, durante missão de
paz da ONU em 1993.
O'Hanlon não acredita que os
EUA corram o risco de perder
uma guerra no Iraque, mas o episódio acima, que levou os americanos a desistirem da missão na
Somália, é um exemplo de como
uma operação em ambiente urbano hostil pode ter resultados catastróficos.
(OD)
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