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Aids é grande
preocupação,
afirma general
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No comando de 1.200 militares brasileiros a partir do mês
que vem no Haiti, o general
Américo Salvador de Oliveira,
56, diz que a alta taxa de Aids
no país será uma preocupação
dos militares na missão de paz.
"Estamos orientando a tropa
na questão da Aids, inclusive
sobre o uso de preservativos."
Segundo o Ministério da Defesa, os militares têm sido
orientados a evitar relações sexuais com haitianas durante os
seis meses que estiverem no
país. A preocupação não é apenas em relação à contração de
doenças, como a Aids, mas
também para evitar eventuais
atritos com a população local.
Dados da CIA (agência de inteligência dos EUA) informam
que 6,1% da população do Haiti está contaminada com o
HIV, o vírus da Aids. No Brasil,
a taxa é de 0,7%. O general Salvador afirma que as tropas brasileiras não estão indo para
uma "guerra", mas estão prontas, por exemplo, para desarmar grupos rebeldes locais.
Anteontem, ele recebeu a reportagem da Folha em seu gabinete, no quartel-general do
Exército, em Brasília.
(EDS e AS)
Folha - Como o sr. espera que
as tropas do Brasil sejam recebidas no Haiti?
Américo Salvador de Oliveira -
De forma favorável. Até porque já tem uma força multinacional interina atuando lá desde o início de março, composta
por EUA, França, Canadá e
Chile. E o que nos favorece,
além de já haver uma relativa
estabilidade, é a forma positiva
como o povo haitiano enxerga
o povo brasileiro. Quando o
Brasil conquistou a última Copa [em 2002], o Haiti teve dois
dias de feriados.
Folha - A ordem é desarmar a
população, incluindo os grupos
rebeldes que forçaram a saída
do ex-presidente Jean-Bertrand
Aristide?
Salvador - Uma das missões é
o desarmamento, e isso consta
na resolução da ONU. Isso será
uma missão dada pela ONU no
terreno. Nós temos missões de
caráter geral, o desarmamento
poderá até vir a ocorrer, mas
dependerá muito da situação
que vamos enfrentar.
Folha - E como lidar com uma
cultura diferente da brasileira?
Salvador - Estamos orientando a tropa nesse sentido. A
maioria é de religião católica
[como no Brasil], mas eles também praticam o vodu. Teremos
o máximo respeito à cultura, à
religião e aos costumes, porque
a população não pode nos receber como um intruso, mas deve
ter a imagem de que a força de
paz está ali para apoiá-la.
As pessoas têm de se sentir
mais seguras com a nossa presença, não como se estivessem
diante de uma tropa hostil. Não
é uma guerra, não temos um
inimigo, temos amigos.
Folha - As doenças locais também preocupam?
Salvador - Estamos orientando a tropa na questão da Aids,
inclusive sobre o uso de preservativos. Mas em outras medidas também há orientação, como na aplicação de vacinas, para a febre amarela, por exemplo, e em medicamentos contra
a malária.
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