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Governo canadense se recusa a solicitar repatriação de Khadr
DA REDAÇÃO
O Canadá, ao contrário dos
outros países ocidentais que tiveram cidadãos detidos na base
de Guantánamo, recusou-se a
pedir a repatriação de Omar
Khadr. A divulgação do vídeo
não mudou a posição do país:
Khadr está "em um processo
legal que deve prosseguir", disse a porta-voz da Chancelaria
canadense, reiterando declaração feita na semana passada pelo premiê Stephen Harper,
conservador próximo aos EUA.
Ao tornar públicas imagens
do interrogatório, a defesa busca comover a opinião pública
canadense e pressionar o governo a interceder pelo rapaz,
último ocidental remanescente
em Guantánamo. "O que vemos
no vídeo é um adolescente implorando por ajuda [aos agentes canadenses] e um interrogatório que viola as leis americanas e internacionais sobre os
direitos das crianças", diz Well
Dixon, advogado do Centro de
Direitos Constitucionais, que
representa dezenas de prisioneiros de Guantánamo.
"Criança-soldado" na definição da Anistia Internacional,
Khadr foi capturado aos 15
anos, em 2002. "Os EUA violaram os padrões internacionais
ao negarem-se a reconhecer o
status de menor de Omar
Khadr e a tratá-lo de acordo",
diz comunicado da ONG, que
pede sua repatriação imediata.
Nenhum tribunal processa
criança por crimes de guerra,
diz a Anistia Internacional, ressaltando que o recrutamento
de Khadr para a resistência foi
em si um abuso humanitário,
segundo as diretrizes estabelecidas nos Princípios de Paris
sobre crianças associadas a
Exércitos ou grupos armados,
subscrito por 66 países.
A Unicef teme que o processo
contra Omar Khadr possa estabelecer "um precedente perigoso para a proteção das centenas de milhares de crianças
que, contra sua vontade, se
vêem envolvidas em conflitos
em todo o mundo".
A defesa afirma que o rapaz
foi coagido pelo pai a participar
da insurgência. O envolvimento de parentes de Khadr com
fundamentalistas é bastante
conhecido: o pai, morto em
2003, era suspeito de financiar
a Al Qaeda, e três de seus irmãos foram acusados de conspiração e terrorismo.
Em Toronto, a irmã Zaynad
Khadr está pessimista. Ela conta que outro irmão, Abulallah,
também foi interrogado por canadenses após ser torturado no
Paquistão. "Ele ainda está preso. Não posso esperar que seja
diferente em Guantánamo."
Com agências internacionais
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