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URNA INTERNACIONAL
Brasileiros do RS entram no clima da campanha uruguaia e apóiam candidatos no vizinho
Gaúcho da fronteira terá "segundo turno"
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Há moradores do interior gaúcho que, mesmo vivendo em cidade com menos de 200 mil eleitores (portanto, sem segundo
turno), voltarão a sentir o clima
eleitoral no próximo dia 31. São
os habitantes da fronteira entre
Brasil e Uruguai -os uruguaios
elegerão seu novo presidente
exatamente no mesmo dia em
que há segundo turno no Brasil.
Votando ou não, moradores
de Santana do Livramento (divisa com a uruguaia Rivera), Chuí
(divisa com a uruguaia Chuy),
Aceguá e Jaguarão vão erguer
bandeiras de partidos parecidos
com os seus no Brasil e, em alguns casos, vão fazer campanha.
São os casos do PT com a Frente
Ampla e dos partidos Colorado e
Nacional com a centro-direita.
As estimativas são de que há
entre 5.000 e 7.000 brasileiros
que vivem do lado de lá da fronteira. Muitos têm dupla nacionalidade e até votam no Uruguai.
O maior foco do clima eleitoral
atinge a cidade brasileira Santana do Livramento (a 504 km de
Porto Alegre) e a sua vizinha, o
município uruguaio Rivera. E é
possível que o Uruguai siga o
exemplo de Livramento.
O município brasileiro, de 96
mil habitantes, elegeu como prefeito um candidato socialista,
Wainer Machado (PSB). Enquanto isso, no Uruguai, o favorito à Presidência é um candidato de esquerda, Tabaré Vázquez.
Caso típico de "doble chapa" é
o advogado e ex-jogador de futebol Delco Suárez, 49. Nascido
em Rivera, casado com uma brasileira e pai de um casal de filhos
brasileiros, Suárez já perdeu em
eleições para vereador e deputado no Uruguai. No Brasil, teve
mais sucesso: é vereador e foi
reeleito no último domingo em
Livramento, pelo PP -no Uruguai, seu partido é o Colorado,
do atual presidente, Jorge Batlle.
Aproveitando o fato de já estar
eleito, Suárez vai fazer campanha, com santinho e tudo, para o
candidato colorado à Presidência, Guillermo Stirling.
Curiosidades: Suárez já concorreu a vereador nos dois países ao mesmo tempo e, atualmente, é um uruguaio vereador
no Brasil.
Há situações extremas: a estudante Cláudia dos Santos, 20,
que tem cidadania brasileira e
uruguaia, vota no Brasil e no
Uruguai. Ela é filha de mão brasileira e pai uruguaio. Vive em
Livramento e estuda em uma escola de Rivera.
"No Brasil, tive de justificar o
voto neste ano, porque meu título é de Pelotas. Se eu estivesse lá,
teria votado no Marroni [Fernando Marroni, do PT, prefeito
e candidato à reeleição no segundo turno contra Bernardo de
Souza, do PPS]. No dia 31, vou
votar em Tabaré", contou ela.
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