|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Geopolítica decide convite a novos membros
DA REDAÇÃO
Os sete países do Leste Europeu que deverão ser convidados pela Otan a integrar seus
quadros a partir de 2004 se
consideram preparados para
dar esse passo, com o qual deixariam a situação em que se encontram desde 1991, quando
desmoronou o Pacto de Varsóvia, maior rival da aliança militar ocidental nos tempos da
Guerra Fria -criado em 1955.
Contudo, segundo analistas
ouvidos pela Folha, as condições práticas impostas pela
Otan aos candidatos, como a
modernização e o enxugamento de suas Forças Armadas e a
elevação de seus gastos militares, não deverão constituir um
entrave se não forem respeitadas (hipótese muito provável).
"O fator geopolítico é essencial no caso dos países que pleiteiam um lugar na aliança militar. No que se refere à Romênia
e à Bulgária, sua localização estratégica é crucial para a Otan,
já que elas se situam perto do
Cáucaso e do mar Negro", explicou Davis Bobrow, pesquisador no Centro Ridgway para
Estudos sobre Segurança Internacional (EUA).
Essa análise, que é compartilhada por boa parte dos diplomatas ocidentais que tratam da
questão, exaspera as autoridades romenas e búlgaras.
Para elas, embora o aspecto
geopolítico seja importante, os
dois países merecem uma vaga
na Otan porque têm vasta experiência na luta contra o crime organizado na região do
mar Negro -um cruzamento
vital entre a Europa e a Ásia-,
o que ajudará no combate ao
terrorismo internacional.
"Não há diferença entre crime organizado e terrorismo internacional", afirmou recentemente Miho Mihov, assessor
da Presidência da Bulgária. Em
tempos de guerra ao terrorismo, é irrefutável que seu argumento é apropriado.
Para a Otan, os países bálticos
também são relevantes estrategicamente. "Sozinhas, a Estônia, a Letônia e a Lituânia ficam
expostas demais à influência e
ao poder dos russos. Assim,
também é bom tê-las no seio da
aliança", avaliou Bobrow.
Já a Eslovênia, a única ex-república iugoslava a ter saído relativamente ilesa do desmembramento ocorrido na década
passada, é geopoliticamente
crucial justamente por isso.
"Os Bálcãs ainda não são totalmente estáveis, porém a Eslovênia foi bem-sucedida em
seu processo de transição. Sua
entrada na Otan é quase um
prêmio, além de permitir que o
Ocidente vigie a evolução política da região", analisou Bruno
Tertrais, da Fundação para a
Pesquisa Estratégica (Paris).
Já a situação da Eslováquia é
curiosa, de acordo com ele. Afinal, o país é vizinho de quatro
países da aliança -Polônia,
República Tcheca, Áustria e
Hungria- e da Ucrânia, que
era uma república da URSS, a
maior inimiga dos EUA no
mundo bipolar da Guerra Fria.
"A Rússia deixou de ser a
grande vilã, tornou-se até parceira estratégica, mas Moscou
ainda dispõe de um vasto arsenal de armas de destruição em
massa, o que justifica que o país
seja monitorado de perto", indicou Tertrais.
(MSM)
Texto Anterior: Geopolítica: Otan busca resolver sua crise de identidade Próximo Texto: Crise: Para ex-chavista, só eleição salva Venezuela Índice
|