São Paulo, domingo, 18 de maio de 2003 |
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Fraudes abalam editor-executivo "rápido no gatilho"
DA REDAÇÃO
Na prática, queria "avivar a primeira página com mais notícias exclusivas", aumentar o espaço da cultura pop e de reportagens sobre estilo de vida. Defendia ainda que sua equipe fosse "mais rápida no gatilho" na confecção de reportagens diferenciadas. Essa proposta foi interpretada pela Redação como uma contestação ao estilo do editor-executivo anterior. Lelyveld, um amante da chamada alta cultura, chegou a mobilizar, em 2000, 50 pessoas na produção de uma série de 15 reportagens sobre o racismo nos Estados Unidos. Venceu o Pulitzer, o mais importante prêmio do jornalismo norte-americano, concedido pela Columbia University. No comando do jornal durante o escândalo sexual envolvendo o então presidente Bill Clinton e a estagiária Monica Lewinski, Lelyveld manteve o "NYT" numa linha sóbria, na avaliação da Redação, apesar do frenesi da maior parte da imprensa. Seu substituto, em época próxima, havia sido criticado por ter assumido nas páginas editoriais que o cientista nuclear sino-americano Wen Ho Lee espionou programas nucleares dos EUA para repassar informações à China. As acusações não foram provadas, e o cientista foi colocado em liberdade em setembro de 2000. Em seus 152 anos, o "Times" já acumula 110 Prêmios Pulitzer. Sete deles foram obtidos no ano passado, já durante a gestão de Raines, que registra ainda uma queda de 5% na circulação nos últimos seis meses. O editor-executivo do "Times" analisou a resistência de parte da Redação às suas propostas: "mudanças sempre tiram pessoas de sua zona de conforto", disse à revista "The New Yorker". Mea culpa Depois de trocar diversos postos de chefia na Redação e enfrentar uma série de pedidos de demissão de jornalistas experientes da casa, Raines convocou uma reunião em que fez uma espécie de mea culpa. "A maior lição que tenho aprendido desde que me tornei editor-executivo é que há utilidade real em conversar com minha equipe. E é preciso ter tempo para responder suas questões", afirmou. "Agradeço a vocês do fundo do meu coração pela paciência, pelo bom humor e pelo profissionalismo durante meu treinamento como editor-executivo. Acredito, e preciso dizer, que nosso metabolismo competitivo tem crescido", contemporizou. Criado em Birmingham, no Alabama, Raines é descendente de fazendeiros que, no passado, nunca tiveram escravos, em uma região marcada historicamente por conflitos raciais. Como Jayson Blair, o repórter que cometeu as fraudes no "Times, é negro, o próprio Raines fez especulações em torno do tema. "Eu pessoalmente favoreci Jayson? Não conscientemente. Mas tenho o direito de perguntar se eu, como um homem branco de Alabama, com as convicções de lá, dei a ele chances demais. No fundo do meu coração, acho que a resposta é sim", declarou Raines, cujo braço direito na Redação, Gerald Boyd, também é negro. Texto Anterior: Mídia: "Fome pela notícia" põe em xeque o "NYT" Próximo Texto: Oriente médio: Violência ofusca cúpula Sharon-Mazen Índice |
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