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Para a ONG, Brasil é modelo bom e ruim
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
Um dos principais exemplos da
realidade "extrema" vivida hoje
por homossexuais está no Brasil,
segundo a Anistia Internacional.
Em alguns aspectos, o país é
apontado como modelo para outras nações subdesenvolvidas, pelo força dos ativistas gays, por algumas iniciativas legais para eliminar a discriminação e pelo fato
de o assunto ter deixado de ser tabu. Por outro lado, é no Brasil que
se encontram alguns dos níveis
mais alarmantes de violência contra gays, principalmente travestis,
e de impunidade.
"O Brasil é realmente um exemplo da situação de extremos em
que vivemos, porque você tem
coisas muito boas acontecendo e
uma terrível quantidade de violência. Existe um paradoxo muito
claro", diz a autora Vanessa Baird.
O livro diz que são cerca de 90
assassinatos por ano e que apenas
5% resultam em punição, mas
não cita as fontes. Ao mesmo
tempo, o país tem uma influente
comunidade gay, responsável pela já célebre passeata anual em São
Paulo, que atrai mais de 1 milhão
de pessoas, e por trabalhos de prevenção à Aids entre gays.
A pesquisadora também elogia
campanhas criativas no Brasil, como uma realizada por grupos da
Bahia, em 1995, em que os ativistas ameaçavam divulgar os nomes de políticos homossexuais
que se opusessem a maiores direitos para a comunidade gay.
A razão para o paradoxo, segundo ela, está na "cultura do machismo" de alguns países latinos e
no fato de o homossexualismo no
Brasil, principalmente entre travestis, ser em geral "explícito", o
que atrai violência.
Baird elogia o histórico do PT
no combate à discriminação, mas
diz que esperava mais do governo
Luiz Inácio Lula da Silva. Ela se
disse "decepcionada" com o fato
de Brasil ter recuado, no início do
ano, de uma moção que apresentou na ONU condenando o preconceito contra gays.
Ouvida pela Folha, a Secretaria
de Direitos Humanos disse que se
tratou de uma "retirada estratégica". "A falta de consenso era tão
grande que nenhum outro país,
por mais progressista, propôs o
tema, por ter o mesmo entendimento que o governo brasileiro",
disse a assessora Renata Pelizon.
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