|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Intercâmbio cultural
cresce e desafia tabus
DA ENVIADA ESPECIAL
Enquanto há arestas a aparar
política e historicamente, o intercâmbio cultural entre Japão e Coréia do Sul tem sido intenso, por
canais oficias e não-oficiais. Hoje
a Coréia está na moda no Japão.
Em março, a cantora coreana
BoA, 16, freqüentou o topo da lista dos álbuns mais vendidos no
Japão, segundo a Oricon, uma espécie de Billboard nipônica. Foi a
primeira vez que uma artista coreana chegou a essa posição.
No mesmo mês, uma novela em
que um casal formado por um japonês e uma sul-coreana enfrenta
preconceitos de ambos os lados
fez sucesso no Japão por tocar em
questões delicadas. No último capítulo, foram apresentadas entrevistas com casais reais e cenas dos
preparativos para a Copa na Coréia do Sul.
Desde há alguns anos, o interesse dos jovens por restaurantes, filmes e artistas sul-coreanos tem sido objeto de reportagens no Japão, fenômeno que a mídia local
chama de "boom da Coréia".
Em 1999, a Coréia do Sul superou o Havaí (EUA) como destino
turístico dos japoneses e hoje ocupa o segundo lugar no ranking. Os
sul-coreanos são o maior grupo
de turistas que visitam o Japão, e,
na área acadêmica, os intercâmbios são comuns há anos.
Do outro lado, a Coréia do Sul
não vive um "boom do Japão",
mas, desde 1998, tem promovido
a liberação gradual de produtos
culturais japoneses (veja quadro).
Já é possível a cantores japoneses se apresentarem para públicos
grandes, apesar de ainda ser proibido vender CDs. Jovens sul-coreanos obtêm cópias piratas das
músicas e têm mostrado interesse
por filmes de animação do Japão.
Não por acaso, 2002 é o ano do
intercâmbio cultural entre as duas
nações, e eventos como apresentações de teatro e danças têm sido
realizados nos dois países. O Escritório para Intercâmbio Cultural entre Japão e Coréia do Sul, da
Fundação Japão (vinculada ao
Ministério das Relações Exteriores), administra verbas para
apoiar o intercâmbio entre grupos privados e civis.
Para além da recente moda coreana no Japão, as duas nações
têm profundas ligações culturais.
Estudiosos indicam que muito da
cultura atual nipônica, como o
budismo, foi levado ao arquipélago através da península coreana
por volta do século 7º.
O reconhecimento mais marcante dessa ligação ocorreu no
ano passado, quando, por ocasião
de seu 68º aniversário, o imperador Akihito disse sentir que tem
"algum parentesco com a Coréia". Citando livros históricos
antigos, disse que a mãe do imperador Kammu, o 50º da linhagem
imperial, que subiu ao trono em
781, era uma princesa coreana. A
declaração foi inicialmente tratada com cautela pela mídia japonesa, mas ganhou as manchetes na
Coréia do Sul.
(CKT)
Texto Anterior: Países divergem sobre como retratar história Próximo Texto: EUA: Bush se defende de críticas e ataca oposição Índice
|