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Chega a Bagdá primeiro comboio da ONU; marines deixam cidade
DA REDAÇÃO
Bagdá recebeu ontem o primeiro carregamento de comida, dentro do programa humanitário supervisionado pela ONU, desde a
derrubada de Saddam Hussein
pelas forças da coalizão anglo-americana, no último dia 9.
O PAM (Programa de Alimentação Mundial da ONU) entregou
cerca de 1.400 toneladas de farinha e outros mantimentos, transportados em 50 caminhões em
uma viagem de dois dias a partir
da Jordânia.
"Demorou porque não achávamos um lugar seguro para colocar
[os suprimentos", devido aos saques em armazéns", afirmou o
sargento americano Jason Selby,
que colabora na coordenação dos
esforços humanitários.
Segundo o PAM, a entrega estabelece a principal rota de ajuda
humanitária ao Iraque. No norte
do país, o fornecimento de alimentos já é feito via Turquia, mas
o porto jordaniano de Ácaba é
visto como crucial para o abastecimento das regiões central e sul.
O abastecimento no sul também deve melhorar com o restabelecimento ontem, pelas tropas
britânicas na região, da linha de
trem entre o porto de Umm Qasr
-o maior do país- e a cidade de
Basra, a segunda maior do Iraque.
A expectativa é de que, até o fim
da semana, seja reativada a conexão com Bagdá.
As condições de infra-estrutura
na capital e em outras cidades, no
entanto, ainda é precária. Até ontem, a maior parte dos 5 milhões
de bagdalis ainda estava sem
energia elétrica. Muitos não tinham fornecimento de água.
A guerra deixou várias cidades
sem água ou energia, e os saques
que vêm ocorrendo sem a coibição das tropas de coalizão agravaram a situação de abastecimento e
de segurança.
"O país ruiu. Nada funciona
-nada de telefone, nada de cuidado médico adequado, nada de
transporte, nada", disse Roland
Huguenin-Benjamin, do Comitê
Internacional da Cruz Vermelha
em Bagdá. "Não é só trazer comida ou aspirinas. Os serviços básicos precisam ser restabelecidos, e
deve ser montada uma nova administração que responda às necessidades da população."
As agências que operam na capital concentraram esforços no
fornecimento de água e no restabelecimento da eletricidade para
os hospitais.
Marines deixam Bagdá
Os 15 mil fuzileiros navais americanos que estão na capital iraquiana e suas cercanias começaram a deixar a cidade ontem. Já
no primeiro dia da retirada, cerca
de 1.600 marines se deslocaram
para uma região cerca de 50 km a
nordeste de Karbala (sul).
O controle de Bagdá foi entregue a unidades do Exército americano. As duas corporações vinham, até então, dividindo a função, mas os Marines são uma corporação voltada para os combates, enquanto a estrutura do Exército é mais apta ao trabalho de reconstrução e policiamento. Soldados da 3ª Divisão de Infantaria
do Exército ficarão em Bagdá. Os
da 4ª Divisão, no norte do país.
Os marines só planejam entrar
em Karbala após o dia 26. Nesta
semana, a cidade deve receber,
junto com Najaf, dezenas de milhares de peregrinos em um dos
eventos mais importantes do calendário religioso xiita.
"Não queremos interferir na peregrinação. Queremos que tudo
aconteça da maneira mais natural
possível, mas estamos preparados
para o pior", afirmou o major James M. Bozeman, da 82ª Divisão
Aérea do Exército Americano.
Ontem, muçulmanos xiitas
marcharam pelas ruas de Bagdá
em antecipação. A expectativa é
de que milhares de xiitas vindos
de dentro e de fora do Iraque façam o percurso até as cidades sagradas de Karbala e Najaf, que durante os 24 anos de ditadura de
Saddam Hussein -um sunita-
foi inibida. Cerca de 60% dos 23
milhões de iraquianos são xiitas.
Com agências internacionais
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