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RECONSTRUÇÃO
País tenta reduzir oposição de europeus, que temem ficar de fora da era pós-Saddam
EUA querem fim gradual de sanções
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O governo americano vai propor à ONU que suspenda as sanções ao Iraque por partes. A estratégia da Casa Branca é uma tentativa de minar a resistência dos
países europeus, segundo informou ontem o jornal "The New
York Times".
A idéia é submeter três ou quatro resoluções para a aprovação
do Conselho de Segurança nos
próximos meses, em vez de mandar um único texto pedindo o fim
do embargo econômico ao Iraque, disse o "Times" citando fontes do governo Bush.
Estabelecidas após o regime de
Saddam Hussein invadir o Kuait,
em agosto de 1990, as sanções levaram a ONU a criar, posteriormente, o programa Petróleo por
Comida no qual ela controla as
vendas do principal produto de
exportação do país, dando em
troca alimentos e medicamentos
para a população iraquiana.
Na proposta que o governo
americano deve apresentar, a
ONU seguiria supervisionando as
vendas de petróleo do Iraque,
mas outros campos da economia
iraquiana seriam entregues ao
controle da administração provisória que está sendo montada pelos EUA.
A discussão sobre o fim das sanções é apenas uma ponta de um
duelo maior, pelo controle do Iraque no pós-guerra.
O bloco europeu, majoritariamente contrário à guerra, teme
que a ONU perca de vez seu poder
sobre o país caso suspenda o embargo econômico, abrindo caminho para os EUA controlarem sozinhos a reconstrução.
Por isso, na última semana, reagiram de forma moderada à idéia
de acabar com as sanções, aventada pelo presidente George W.
Bush na quarta-feira passada.
Um empecilho aos planos dos
EUA reside no fato de que até agora o país não encontrou armas de
destruição em massa no território
iraquiano, a principal justificativa
apontada por Bush para a guerra.
A ONU quer a volta dos seus inspetores ao país, mas o governo
americano tem colocado apenas
funcionários seus na busca, atitude que desagrada a outros membros do Conselho de Segurança.
Em Washington, por sua vez,
oficiais dizem que será impossível
reconstruir o país caso o embargo
não seja suspenso.
Parte da própria administração
dos EUA, porém, acredita que seria impossível "dividir" o programa Petróleo por Comida, dada a
complexidade de sua estrutura,
com grande rede assistencialista.
Já outros membros do governo
acham que a ONU deveria reter o
controle sobre o comércio de petróleo, mas poderia liberar transações com bens e serviços para a
agroindústria e para os serviços
civis. Para conseguir aprovar tal
ponto na ONU, os EUA poderiam
oferecer, em troca, a garantia de
que esses bens e serviços continuariam em grande parte sendo
importados de França, Rússia e
Síria, países que também são
membros do Conselho, os dois
primeiros com direito a veto.
Enquanto isso não acontece, o
governo americano toca seu projeto de obras no Iraque com empresas dos EUA. Hoje deve chegar
ao Kuait um engenheiro da Bechtel, companhia que ganhou a
maior concorrência para trabalhar no país até aqui, um contrato
de US$ 680 milhões.
Bush
O presidente americano, que
passa o feriado em seu rancho no
Texas, vai hoje participar de uma
celebração da Páscoa ao lado de
militares em Fort Hood, base de
20 mil soldados que estão lutando
no Oriente Médio.
Em seu discurso semanal no rádio, ontem, ele fez diversas menções religiosas aos americanos
que combatem no Iraque.
"Como uma nação, nós continuamos a rezar por todos aqueles
que servem como militares. Também rezamos por todos os que
perderam pessoas amadas na
guerra. Eu me encontrei com algumas dessas famílias em luto, eu
vi sua tristeza e sua força", afirmou Bush.
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