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Lei foi mal interpretada, diz chanceler espanhol
DO ENVIADO A BRUXELAS
Os dirigentes da UE minimizaram ontem os protestos sul-americanos contra a diretiva
que estabelece regras mais rígidas ao tratamento de imigrantes ilegais nos países do bloco.
Em entrevista à Folha, o ministro das Relações Exteriores
da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, disse não temer que a
nova lei leve a retaliações contra cidadãos europeus.
"Quem critica a diretiva é
porque não a conhece direito",
disse Moratinos, que há menos
de dois meses teve que se reunir com o chanceler Celso
Amorim para resolver uma crise deflagrada pelo aumento do
número de brasileiros barrados ao chegar na Espanha.
Para o ministro espanhol, é
errado interpretar a diretiva
aprovada na quarta-feira pelo
Parlamento Europeu, que prevê a extradição dos ilegais e sua
detenção por até 18 meses, como uma violação dos direitos
básicos de cidadãos estrangeiros no continente. "Na verdade
a lei é boa para os estrangeiros,
pois garante os direitos dos
imigrantes legais, como os
muitos brasileiros que estão na
Espanha", disse.
Brasil, Bolívia, Equador, Venezuela e Argentina criticaram
a nova lei européia, prevista para entrar em vigor em 2010. O
secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, também rechaçou a medida.
Para tentar apagar o incêndio diplomático, Moratinos foi
encarregado pelo presidente
do governo espanhol, José Zapatero, de fazer uma ofensiva
de relações públicas. A primeira parada, nesta semana, será a
Venezuela, onde o presidente
Hugo Chávez ameaçou interromper o fornecimento de petróleo aos países europeus que
aplicarem as restrições.
"Há muitas interpretações, e
às vezes ouvimos opiniões que
pouco têm a ver com o que a diretiva diz", disse Zapatero.
Outros dirigentes levaram a
ameaça menos a sério. "Até onde eu sei, a maioria do petróleo
venezuelano é exportada para
os EUA", disse o chanceler
tcheco, Karel Schwarzenberg,
com um sorriso debochado.
Para Javier Solana, chefe de
política externa da UE, a reação
de Chávez foi "totalmente desproporcional".
(MN)
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