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Pacto entre Polônia e EUA mira Rússia
Varsóvia e Washington selam acordo para sistema antimísseis; a pedido de aliado, americanos instalarão foguetes voltados para Moscou
Pentágono afirma que visa "ameaça iraniana" e nega que russos sejam alvo, mas Moscou vê desequilíbrio e diz que "terá que reagir"
DA REDAÇÃO
A tensão entre a Rússia e a
Polônia subiu ontem abruptamente, com a assinatura do tratado que permitirá ao Pentágono instalar em solo polonês dez
mísseis de interceptação do
chamado escudo antimísseis
-mecanismo que os americanos dizem ser necessário para
conter eventuais ataques da
Coréia do Norte ou do Irã.
Moscou reagiu de modo inabitualmente duro. Em nota do
Ministério das Relações Exteriores, afirmou que "terá que
reagir e não apenas por meio de
protestos diplomáticos".
O governo de Varsóvia obteve de última hora dos Estados
Unidos o compromisso de, para
enfrentar uma virtual ameaça
russa, instalar em seu território
uma bateria de outros foguetes
terra-ar, os Patriot, que, segundo o "New York Times", o Pentágono deslocaria da Alemanha
e que seriam de início operados
por militares americanos.
Washington reiterou que o
escudo antimísseis não visava a
Rússia. Mas o argumento está
agora comprometido pelo fato
de os Patriot, uma espécie de
apêndice do escudo, terem o
solo russo como alvo.
A nota do governo russo acusou os americanos de procurarem "enfraquecer" a Rússia e
"modificar em seu favor o atual
equilíbrio estratégico". Também afirma que o escudo antimísseis, ao evocar uma "imaginária ameaça" iraniana, "tem
como único alvo os arsenais
russos de misseis balísticos intercontinentais".
Ameaça nuclear
Na semana passada um general russo, Anatoli Nogovitsin,
afirmou que a Polônia havia se
transformado em alvo -até de
disparos nucleares- ao aceitar
hospedar o escudo. Esse comportamento, afirmou, "não pode deixar de ser punido".
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, que
assinou o tratado em Varsóvia
em nome de seu governo, qualificou a ameaça de "francamente bizarra". A seu ver, o escudo é
um instrumento de defesa e
não está direcionado a nenhum
país específico.
Os mísseis de interceptação
estarão operacionais em 2012
na base de Redzikowo, no norte
da Polônia, a apenas 300 km do
encrave russo de Kaliningrado,
no litoral do mar Báltico, e a
1.360 km de Moscou.
A Polônia negociou por um
ano e meio com os Estados Unidos, procurando obter, em troca do escudo, maiores vantagens de ajuda militar. As negociações foram concluídas a toque de caixa porque tanto Washington quanto Varsóvia queriam mandar a Moscou um recado, com a intervenção militar
russa na Geórgia, depois que
esta invadiu a Ossétia do Sul, há
duas semanas.
Para funcionar, o escudo antimísseis depende da instalação de um sistema poderoso de
radares na República Tcheca. O
governo tcheco já assinou sua
parte do tratado, mas a entrada
em vigor depende ainda de ratificação pelo Parlamento.
Durante a assinatura, ontem
em Varsóvia, manifestantes
reuniram-se diante da sede do
governo com cartazes em que
diziam "não querer se tornar
escudos humanos".
Com agências internacionais
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