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Lula insta Morales a começar diálogo com a oposição
Presidente fala da "extraordinária" vitória do boliviano no referendo e defende que Brasil, Argentina e Colômbia voltem a mediar crise
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM
SÃO GONÇALO DO AMARANTE (CE)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o
chefe de Estado boliviano, Evo
Morales, obteve uma "vitória
extraordinária" no referendo
que lhe confirmou no cargo no
último dia 10 e conclamou o colega a "tomar a iniciativa" de
dialogar com a oposição.
"Ele teve uma vitória extraordinária no referendo, portanto penso que agora deve tomar a iniciativa de construir o
processo de conversação com
os outros setores para construir a paz", disse Lula, que afirmou ter telefonado ao boliviano depois da consulta.
Lula instou Brasil, Argentina
e Colômbia, que formam o
"grupo de amigos" convocado
por Morales para tentar mediar
a arrastada crise política, "a fazer gestões para que todos os
setores que estão brigando se
coloquem de acordo". Até agora, as tentativas de mediação do
grupo fracassaram.
O referendo revogatório na
Bolívia deu vitória simultânea a
Morales, que alcançou 67% dos
votos, e aos quatro principais
governadores da oposição.
As declarações de Lula vêm
após as críticas feitas à Folha
pelo ex-presidente boliviano
Jorge Quiroga, líder do Podemos, o principal partido opositor, por seu apoio a Morales
durante a campanha do referendo. Lula visitou Beni, um
departamento de oposição, em
julho, durante a tensa temporada pré-eleitoral.
"Sempre digo a meus amigos
presidentes da América do Sul
que só existe uma possibilidade
de um país crescer: é com muita paz", declarou. "Se você gastar energia com problemas internos, vai fazer com que o país
fique paralisado", disse Lula ao
ser questionado sobre o tema
em São Gonçalo do Amarante
(a 60 km de Fortaleza, CE).
O presidente participava do
lançamento do terminal de gás
natural liquefeito (GNL) no
porto de Pecém. A unidade deixa o Brasil menos dependente
do gás da Bolívia, seu principal
fornecedor do combustível.
Sobre o tema, Lula afirmou
que o país não deixará de comprar o produto do vizinho, mas
que está criando alternativas
para reduzir a dependência.
Golpe e deficientes
Ontem, Morales voltou a dizer que a oposição tenta "um
golpe civil" contra ele com
ações de protesto. Os atos contra o governo continuaram em
três departamentos controlados pela oposição: no pólo econômico de Santa Cruz e nos
amazônicos Pando e Beni.
Arregimentados por políticos e empresários, militantes
bloquearam estradas, mas não
foram registrados confrontos.
Apesar de repetir que está
aberto ao diálogo, o presidente
boliviano disse que continuará
com sua política de redistribuir
a renda do gás, um dos focos da
crise com as regiões.
Oficialmente, cinco capitais
de departamentos opositores
pararam anteontem para exigir
que La Paz devolva às regiões
parte de um imposto sobre o
combustível, redirecionado para pagar um benefício a idosos.
Também ontem, o Congresso da Bolívia aprovou um fundo
de US$ 5,6 milhões destinado
aos deficientes físicos do país,
que protestam há mais de um
mês no país e entraram ao menos duas vezes em confronto
com a polícia. O grupo rejeita o
fundo e defende benefício de
US$ 400 anuais, nos moldes de
programas de Morales para
crianças e idosos.
Com a Redação e agências internacionais
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