São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Iraque diz ter acordado retirada americana

Tratado define base legal para permanência de militares dos EUA no país após fim de mandato da ONU, em janeiro

Documento, confirmado só extra-oficialmente pelo Pentágono, precisa passar pelo Legislativo iraquiano; pontos não foram revelados


DA REDAÇÃO

Após meses de negociação, representantes de Iraque e Estados Unidos finalizaram ontem um projeto de acordo que pretende amparar legalmente a presença militar americana em território iraquiano a partir do ano que vem até uma retirada completa e definitiva, estipulada no documento para 2011.
O trato, anunciado pela rede de TV americana CNN, foi confirmado oficialmente por Mohammed al Haj Hamoud, negociador-chefe de Bagdá. Mas do lado americano houve apenas a declaração informal de um graduado militar relatando que foi "alcançado um acordo sobre a redução de tropas".
O pacto, cujo conteúdo exato não foi divulgado, só poderá entrar em vigor depois de sancionado pelo presidente americano, George W. Bush, e aprovado pelo Parlamento iraquiano, onde é esperada a oposição de alguns setores.
Um dos principais objetivos do texto é estabelecer as bases legais para a permanência de tropas americanas no Iraque após o fim deste ano, quando expira o mandato atribuído pelo Conselho de Segurança da ONU após a invasão, em 2003.
Não está claro, no entanto, se o acordo atende à exigência iraquiana de obter dos EUA um cronograma de retirada, algo que o governo de George W. Bush se recusa veementemente a fixar. Segundo altos funcionários de Bagdá citados pela agência de notícias Associated Press, o trato determina que os 144 mil soldados americanos devem sair das cidades iraquianas até 30 de junho de 2011, e desocupar totalmente o país até o final do mesmo ano.
Mas a Casa Branca não confirma a informação. Todo o discurso oficial americano até hoje, inclusive o de parte da oposição, prevê a presença de "tropas residuais" no país árabe, contingente nunca definido.
Até o mês passado, o governo americano nem sequer aceitava falar em datas para a saída das tropas -Bush citou um "horizonte temporal genérico".
Ainda não há informação precisa sobre o tratamento dado pelo acordo a duas questões polêmicas: a imunidade dos soldados e mercenários americanos envolvidos em crimes, da qual os EUA não abrem mão, e o poder dos militares estrangeiros sobre os cidadãos iraquianos.
"Há visões divergentes. Apresentamos a nossa, e o outro lado apresentou a sua", disse um negociador iraquiano.

Com agências internacionais



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