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UNIÃO EUROPÉIA
Financiadores do bloco fazem ameaça econômica para tentar persuadir poloneses e espanhóis a aceitar Constituição
Ricos da UE pressionam recalcitrantes
GEORGE PARKER
DO ""FINANCIAL TIMES", EM BRUXELAS
Seis dos maiores países financiadores da Europa pediram que
o Orçamento da União Européia
seja congelado até 2013, numa iniciativa que deverá reduzir a assistência paga a países mais pobres,
incluindo a Espanha e Portugal.
Os líderes políticos da Alemanha, do Reino Unido, da França,
da Holanda, da Suécia e da Áustria -países que mais contribuem para a União Européia do
que recebem dela- disseram, em
carta conjunta, que o Orçamento
da União Européia deve ser sujeito à mesma ""consolidação dolorosa" que os nacionais.
Lançado imediatamente depois
de a Espanha e a Polônia terem
bloqueado o acordo sobre a nova
Constituição da União Européia,
o aviso serviu para intensificar as
pressões sobre Madri e Varsóvia,
visando que espanhóis e poloneses "entrem na linha".
A Alemanha, que é responsável
por 22% do Orçamento da União
Européia -de 100 bilhões-,
avisou que existem ""certos paralelos" entre as negociações sobre
o Orçamento e o fracasso do acordo sobre a futura Constituição do
bloco europeu.
A Polônia e a Espanha são vistos
como os prováveis maiores beneficiários líquidos do próximo Orçamento da União Européia, que
deverá entrar em vigor em 2007 e
durará até 2013, tendo o direito de
receber subsídios agrícolas, industriais e para projetos de infra-estrutura.
A Alemanha e a França -em
especial- vão tentar vincular
qualquer possível aumento no
Orçamento da União Européia à
aprovação da Polônia e da Espanha ao novo sistema de votação
no Conselho de Ministros da
União Européia, que confere mais
poder aos países de população
mais numerosa.
A Suécia, que teve a idéia de enviar a carta ao presidente da Comissão Européia, Romano Prodi,
afirmou estar apresentando exigências realistas, não declarando
uma posição de negociação.
O secretário de Estado sueco para Assuntos da União Européia,
Lars Danielsson, disse: ""Trata-se
de um sinal claro enviado à Comissão Européia de que os recursos disponíveis são limitados".
Ele acrescentou que o objetivo do
grupo é promover a utilização eficiente dos recursos.
Mas Prodi afirmou que é virtualmente impossível satisfazer os
pedidos dos líderes políticos de
mais ação da União Européia em
várias áreas, como a política externa, a defesa, a segurança interna e o asilo, sem um aumento no
Orçamento. ""Farei o máximo
possível", disse ele. ""Mas não sou
o Papai Noel, e milagres não são
exatamente minha especialidade", acrescentou o italiano.
Para ele, será "quase impossível" atingir os objetivos estabelecidos pela própria Comissão Européia: "fazer da União Européia
o espaço mais competitivo e mais
inovador do mundo, buscar o desenvolvimento da Política Externa e de Segurança Comum, proteger as fronteiras do bloco e administrar os fluxos migratórios".
A carta conjunta enviada pelos
seis países apresenta os argumentos de uma discussão que pode
acabar por dominar a pauta da
União Européia durante os próximos 18 meses.
Os líderes acham que deve ser
fixado para o Orçamento o teto de
1% do PIB (total de riquezas produzidas no país) até 2013 e que os
gastos devem ser mais direcionados a áreas prioritárias.
Após a divulgação da carta conjunta, a Polônia foi a primeira a
reagir, classificando a iniciativa de
"chantagem econômica". Para os
poloneses, será muito importante
receber a ajuda européia, já que o
país precisa intensificar a reforma
de sua infra-estrutura -as estradas polonesas, por exemplo, ainda estão abaixo do nível de qualidade exigido pela Europa.
Além disso, Varsóvia sabe que,
com uma alta porcentagem da
população polonesa vivendo no
campo, será necessário acelerar o
processo de modernização agrícola, pois os grandes financiadores da União Européia não concordarão em destinar à Polônia
somas de dinheiro muito elevadas
para financiar seus agricultores.
Com agências internacionais
Tradução de Clara Allain
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