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Mugabe e opositor aceitam negociar acordo
Sob mediação de presidente sul-africano, líder do Zimbábue e Tsvangirai discutem "governo inclusivo"
DA REDAÇÃO
Reeleito em meio à quase
unânime condenação internacional pela violência contra a
oposição, o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, e o ex-candidato opositor Morgan
Tsvangirai encontraram-se ontem, pela primeira vez em dez
anos, para assinar um acordo
segundo o qual estabelecerão
bases para um "governo inclusivo", mas não ficou definido
qual será a divisão de poder.
Vencedor no primeiro turno,
em março, Tsvangirai desistiu
de disputar o segundo, em junho, depois da morte de vários
partidários do seu Movimento
para a Mudança Democrática
(MDC, pela sigla em inglês) e o
desalojamento de 200 mil pessoas, na repressão comandada
por partidários de Mugabe.
Na reunião de ontem, os dois
líderes prometeram criar em
duas semanas "solução genuína, viável, permanente e sustentável" para a crise política.
Mugabe disse que o encontro
serviu para "traçar um novo caminho de interação política".
De acordo com analistas ouvidos pela Reuters, há indicações de que Tsvangirai aceitará
o cargo de premiê desde que
reste a Mugabe apenas a função
nominal de chefe de Estado.
No entanto, é difícil que Mugabe aceite tal erosão de poder.
O ditador de 84 anos está no
cargo desde 1980, quando venceu os sete anos de guerra de
independência que derrubou o
governo de minoria branca da
ex-colônia britânica.
Assinado no mesmo dia em
que o Banco Central apresentou a nota de 100 bilhões de dólares zimbabuanos -o índice
oficial de inflação anual atingiu
2,2 milhões por cento-, o acordo prevê também o fim da violência de Estado contra opositores, uma nova Constituição e
a restauração da economia.
Entre os dois rivais, sentou-se o presidente sul-africano e
mediador regional para o Zimbábue, Thabo Mbeki. Ao conseguir reuni-los, logrou um golpe
diplomático, depois de críticas
do Ocidente por, ao rejeitar
sanções punitivas e insistir no
diálogo, dar a Mugabe tempo
para derrubar seus opositores.
O líder sul-africano é visto
como próximo ao zimbabuano.
Por isso, Tsvangirai só concordou com a mediação na semana
passada, ao incluir nas conversas da União Africana, a ONU e
14 países do sul da África.
Com agências internacionais
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