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Dalai-lama só retorna como cidadão chinês
DA ENVIADA ESPECIAL AO TIBETE
O governo do Tibete reconhece
a existência de presos políticos na
região, ainda que em número menor que os cerca de cem apontados por entidades de defesa de direitos humanos.
"Em todos os países existem
presos políticos. Se no Brasil alguma pessoa divulgar posições separatistas, acho que o governo
também tomará providências
contra ela", afirmou o vice-governador do Tibete, Jia Re, em entrevista a um grupo de jornalistas
brasileiros.
Jia sustenta que existe liberdade
religiosa no Tibete e que o dalai-lama não fez nada pela região desde que foi para o exílio, em 1959.
Segundo ele, para voltar à sua terra natal, o dalai-lama terá de
abandonar posições separatistas,
reconhecer que o Tibete e Taiwan
fazem parte da República Popular
da China e declarar-se um cidadão chinês.
John Ackerly, presidente da
Campanha Internacional pelo Tibete, afirma que as prisões políticas são motivadas por manifestações públicas de apoio ao dalai-lama e à independência do Tibete
ou por realização de atos como a
restauração de mosteiros sem a
autorização do governo.
Século 15
O Tibete tem dois grandes líderes espirituais: o dalai-lama, que
ficava em Lhasa, capital da região,
e o panchen-lama, cuja base é a cidade de Xigaze, mais a oeste. Ambos são considerados reencarnações de diferentes manifestações
de Buda.
Até 1959, não havia separação
entre igreja e Estado no Tibete, e o
dalai-lama era o principal líder religioso e político. Depois de seu
exílio, o panchen-lama passou a
ser o maior líder religioso dentro
do Tibete, e o poder político saiu
das mãos da igreja e passou a ser
controlado por Pequim.
O atual dalai-lama é tido como a
14ª reencarnação do Buda da
Compaixão, em uma linha sucessória que começou no século 15,
com o primeiro dalai-lama.
Já a tradição dos panchen-lama,
reencarnação do Buda da Luz Infinita, iniciou-se um século depois, e o último ocupante inconteste do posto foi o 10º panchen-lama, que morreu em 1989.
Do exílio, o dalai-lama indicou a
criança que seria o 11º panchen-lama, mas a decisão não foi aceita
por Pequim, que escolheu outro
candidato, Gyancain Norbu, hoje
com 14 anos.
Defensores da independência
do Tibete afirmam que Gedhun
Choekyi Nyima, apontado pelo
dalai-lama, foi seqüestrado junto
com sua família pelo governo chinês. As autoridades de Pequim
sustentam que o adolescente está
em um local "seguro", recebendo
educação budista.
(CT)
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