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PELA PAZ
Para organizadores, número foi 250 mil; grupos pró-guerra também foram às ruas nos EUA
Ato reúne ao menos 100 mil em NY
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Milhares de americanos saíram
às ruas ontem pelo país para protestar contra o ataque ao Iraque.
A maior manifestação aconteceu em Nova York, cidade que
mais sofreu com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001
e onde o apoio à guerra é substancialmente menor do que na média
do restante do país.
Os organizadores afirmaram
que mais de 250 mil pessoas participaram do protesto, mas estimativas divulgadas pela agência de
notícias "Associated Press", citando fontes policiais, e também pelas TVs CNN e NY1, colocam o
número de manifestantes mais
perto de 100 mil. A polícia se recusou a fazer uma estimativa oficial.
As pessoas marcharam pela
Broadway, fechando o trânsito na
região central de Manhattan. A
United for Peace and Justice, coalizão pacifista que organizou o
ato, não teve permissão para promover discursos ou usar alto-falantes -a polícia só autorizou uma marcha começando às 12h e
terminando às 16h. Ao todo, 84
pessoas foram detidas, segundo a
rede de televisão CNN.
Para a entidade, o trâmite do pedido para organizar o evento foi
"lento e difícil" e "reflete uma tentativa de coagir os dissidentes".
Na hora final do protesto, a polícia passou a pedir aos manifestantes que fossem embora, porque a licença oficial da manifestação estava próxima de expirar. Isso irritou os organizadores, para quem
a atitude contribuiria para diminuir o peso da manifestação, evitando grande concentração de
pessoas na Washington Square,
ponto final da marcha. O protesto
continuou no início da noite.
O bom tempo em Nova York
contribuiu para que o protesto de
ontem tivesse muito mais peso
que o primeiro após o início dos
bombardeios, na quinta-feira, feito sob chuva. Mesmo assim, a manifestação ficou aquém da realizada na cidade em 15 de fevereiro
-quando os organizadores estimaram que 400 mil pessoas haviam ido às ruas.
Houve forte presença policial na
marcha de ontem: um efetivo de
cerca de 2.000 homens vigiou a
marcha, contando inclusive com
a presença de agentes infiltrados
em meio aos manifestantes com
detectores de radiação.
De maneira geral, a marcha
transcorreu de forma pacífica.
Houve um confronto entre policiais e manifestantes que tentaram sair da rota estabelecida, sem maiores consequências.
Uma das preocupações dos manifestantes pacifistas durante o
dia foi rebater o rótulo de "antipatriotas" que o bloco favorável à
guerra tem tentado lhes atribuir.
Ontem, as organizações que se
opõem ao ataque procuraram se
posicionar da seguinte forma:
apóiam os soltados no Oriente
Médio, mas são contra a decisão
de Bush de fazer a guerra -ou seja, tentam fazer uma distinção entre os americanos no front e as decisões políticas da Casa Branca.
Em meio a canções e cartazes
pedindo paz, houve também manifestações pelo impeachment do
presidente George W. Bush e
menções à conturbada eleição de
2000, que o levou à Casa Branca.
A favor da guerra
Mesmo tendo levado milhares
de pessoas às ruas ontem, a parcela contrária à guerra não é majoritária nos EUA. Pesquisas mostram que 7 em 10 americanos
apóiam a ação militar.
O bloco pró-guerra mostrou
ontem que também pode fazer
barulho. Em Chicago, um grupo
de cerca de 700 pessoas organizou
uma manifestação em uma praça
para apoiar as tropas americanas
que combatem no Oriente Médio.
Estabeleceu-se uma situação inusitada, já que, na mesma praça,
havia um grupo protestando pela
paz. Os dois grupos foram mantidos a seis metros de distância um
do outro pela polícia. De um lado,
os pacifistas gritavam: "Assassinos! Assassinos!" Do outro, os
pró-guerra devolviam: "Idiotas!
Idiotas!" A saída às ruas de manifestações opostas ocorreu também em San Francisco.
Houve ainda atos de apoio às
tropas em Millington, no Tennessee, onde há uma base militar, e
em Lansing, Michigan, onde centenas de pessoas saíram às ruas
com bandeiras americanas à mão.
Os pacifistas, por sua vez, também foram à rua em Atlanta. Um
grupo marchou até a sede da rede
de TV CNN para protestar contra
o que considera "glorificação da
guerra" -a transmissão contínua de imagens da batalha.
Em Washington, os manifestantes foram à Casa Branca para
protestar. Mas Bush não estava lá.
Ela havia deixado a cidade rumo à
residência oficial de Camp David,
onde se reuniu com o alto escalão
do governo.
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