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Oposição a Morales quer anular referendo
Governadores dizem que não aceitarão votação, em agosto, que pode revogar seus mandatos e o do presidente boliviano
Oposicionistas ameaçam pressionar por eleições antecipadas; pesquisas mostram que revogatório favorece o presidente
DA REDAÇÃO
Cinco governadores de oposição ao governo de Evo Morales propuseram ontem a anulação do referendo revogatório
de seus mandatos e dos mandatos do presidente e de seu vice,
marcado para 10 de agosto.
Em carta a Morales, eles afirmaram que não permitirão a
realização da votação em seus
departamentos (Estados), a
menos que o presidente reconheça o resultado dos referendos por autonomia regional
realizados neste ano em quatro
regiões - Santa Cruz, Beni,
Pando e Tarija.
"O [referendo] revogatório
ficou anacrônico na realidade
atual", disse o governador de
Cochabamba, Manfred Reyes
Villa. "É preciso começar um
processo de reconciliação nacional", afirmou Mario Cossío,
de Tarija, anfitrião da reunião.
Caso Morales não ceda, completou Reyes Villa, os governadores defenderão a antecipação
das eleições gerais.
O referendo revogatório foi
inicialmente proposto por Morales para pressionar os governadores a negociar. Em maio,
porém, sua convocação foi
aprovada pelo Senado de maioria oposicionista, em meio à
crise causada pelo referendo
autonomista realizado naquele
mês em Santa Cruz, o departamento mais rico do país.
As regras prevêem que Morales e todos os governadores
perderão os cargos se obtiverem reprovação superior à porcentagem e ao número absoluto de votos computados quando eleitos, em 2005. Pesquisas
de opinião recentes mostram
que, sob essas regras, apenas
Morales e o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, teriam
garantida a manutenção de
seus cargos. Daí a reação dos
governadores ontem.
"[A proposta dos governadores] é um golpe contra a Constituição, um golpe contra a democracia", reagiu o ministro da
Presidência, Juan Quintana.
Mais cedo, Morales descartara
anular o referendo: "Vamos
cumprir a lei. Pode haver diálogo sobre outros temas, mas o
referendo revogatório não está
em discussão".
Tarija
No domingo, o estatuto de
autonomia proposto por Cossío foi aprovado por 81% dos
votos em Tarija, com abstenção
de cerca de 30%, segundo cômputo de metade das seções eleitorais. Tarija concentra 85% da
produção de gás da Bolívia.
O referendo -organizado,
como em Santa Cruz, Beni e
Pando, sem o aval da Justiça
Eleitoral- é considerado inconstitucional por La Paz.
A realização dos referendos
sobre autonomia foi a resposta
dos governadores oposicionistas à Constituição aprovada em
dezembro de 2007 pelas forças
governistas. A Carta, que ainda
precisa passar por voto popular, não foi reconhecida pela
oposição. O impasse é o cerne
da crise boliviana.
Até agora, todas as tentativas
de diálogo entre Morales e os
governadores de oposição
-que controlam 6 dos 9 departamentos do país- fracassaram, incluindo as reuniões em
que Brasil, Argentina, Colômbia e a OEA (Organização dos
Estados Americanos) atuaram
como mediadores.
Com agências internacionais.
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