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ARGENTINA
Presidente passará hoje pelo seu primeiro grande desafio de popularidade, ao tentar reeleger Anibal Ibarra
Eleição para prefeito de Buenos Aires testa Kirchner
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O presidente argentino, Néstor
Kirchner, passará hoje pelo primeiro grande teste de popularidade. Com três meses de mandato,
Kirchner ainda trabalha para consolidar poder e garantir governabilidade. É na eleição para a Prefeitura de Buenos Aires que o presidente mostrará se o apoio à recondução do atual prefeito, Anibal Ibarra, terá efeito nas urnas.
"Uma vitória de Ibarra é mais
do que um teste de popularidade
para Kirchner. É o termômetro de
sua capacidade de captar apoio
político", disse a cientista política
Graciela Romer. "Kirchner disputa com [o ex-presidente Eduardo]
Duhalde a liderança do PJ [Partido Justicialista]. O partido está
muito fragmentado, e Kirchner
tenta unificá-lo ao seu redor."
Ibarra, 45, é o candidato da Força Portenha, uma aliança de centro-esquerda. Conta, além de
Kirchner, com o apoio da ex-candidata presidencial Elisa Carrió,
deputada de um partido de oposição, mas aliada do presidente.
O principal adversário de Ibarra, Maurício Macri, 45, da sigla
Compromisso para a Mudança,
se identifica com uma ala mais de
centro-direita e tem ao seu lado o
setor mais conservador do PJ, o
partido de Kirchner.
Boa imagem
"Essa eleição mostra o estado de
fragmentação da política nacional, apesar de haver certa recuperação de Ibarra nas pesquisas, depois que passou a contar com a
boa imagem da qual goza o presidente", afirma o analista político
Ricardo Rouvier.
"A eleição de Buenos Aires coloca em jogo a política nacional, dada sua importância. Uma derrota
na cidade reduziria a margem de
manobra de Kirchner para negociar acordos", avalia Rouvier.
De acordo com ele, os recentes
desentendimentos entre o presidente e o vice, Daniel Scioli, mostraram que existe uma disputa de
poder dentro do governo. Scioli
fez declarações que desagradaram a Kirchner sobre a anulação
das leis de anistia a militares e o
aumento de tarifas públicas. Foi
desautorizado e perdeu poder.
"A ala de centro-direita do PJ
[ligada a Scioli] respalda Macri.
[O ex-presidente Carlos] Menem
e Duhalde também preferem a
sua vitória, já que isso representaria um enfraquecimento de
Kirchner", afirma o analista político Rosendo Fraga.
Outras eleições
O pleito em Buenos Aires antecede as eleições que acontecem
em várias Províncias neste ano.
No início de junho, Kirchner já teve uma primeira vitória com a
reeleição de José Manuel de la Sota, em Córdoba. Na Terra do Fogo, sul do país e seu reduto eleitoral, o presidente teve uma derrota.
Seu candidato, Carlos Manfredotti, perdeu para Jorge Colazo, da
UCR (União Cívica Radical).
Hoje, além da Prefeitura de Buenos Aires, haverá eleição para governador nas Províncias de Salta e
Catamarca. A agenda de disputas
eleitorais se intensificará em setembro. A primeira será no dia 7,
em Santa Fé, onde o presidente
apóia o candidato da UCR, Jorge
Obeid, rival do peronista Carlos
Reutemann, que virou adversário
político de Kirchner após apoiar
Menem na disputa presidencial.
No dia 14, o atual governador da
Província de Buenos Aires, Felipe
Solá, tentará se reeleger com o
apoio de Kirchner. No mesmo
dia, haverá disputas em Jujuy,
Chaco e Santa Cruz, que é a Província natal do presidente.
Desde que assumiu, em 25 de
maio, Kirchner tem se esforçado
para conquistar apoio popular e,
assim, compensar a governabilidade que não lhe foi garantida nas
urnas, já que chegou ao poder
com apenas 22% dos votos.
Ele também buscou apoio na
oposição, por não contar com a
simpatia da ala menemista do PJ,
que é majoritária no partido. Tem
enfrentado ainda restrições entre
os partidários do ex-presidente
Duhalde, que foi o padrinho de
sua candidatura e, agora, passou a
atuar como adversário político.
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