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China emerge como potência adversária dos EUA
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
Com a maior população do
mundo e uma economia que há
vários anos cresce a um ritmo superior ao da economia americana, a China é a grande ameaça à
hegemonia dos EUA no século 21.
A grande dúvida é que tipo de poder ela será e qual o grau de confronto que estará disposto a manter com a atual superpotência.
O presidente Hu Jintao e a cúpula do Partido Comunista repetem incessantemente que a China
terá uma ascensão "pacífica", da
qual está descartada qualquer
pretensão hegemônica.
Wang Yong, professor da Escola de Estudos Internacionais da
Universidade de Pequim, diz que
o governo chinês reconhece a liderança americana em vários setores e tem consciência de que faltam algumas décadas para a China ter o grau de desenvolvimento
das nações ocidentais mais ricas.
Para muitos teóricos, principalmente nos EUA, o confronto entre as duas potências será inevitável no futuro. Wang refuta essa
posição e afirma que a crescente
dependência econômica entre os
dois países é um elemento que reduzirá a possibilidade de conflito.
Os Estados Unidos são o maior
destino das exportações chinesas
e um dos principais investidores
estrangeiros no país. Além disso,
dependem da China para financiar seu crescente déficit externo.
O país asiático tem reservas internacionais de US$ 470 bilhões, formadas principalmente por títulos
do Tesouro dos EUA.
A maior ameaça à relação bilateral é a ilha de Taiwan, que poderá levar a um confronto indesejado pelos dois lados. A China iniciou nos anos 90 um processo de
modernização de suas Forças Armadas, em grande parte para enfrentar a possibilidade de um conflito armado com os EUA em torno da independência de Taiwan.
No caso dos americanos, a ilha é
fundamental para sua influência
na região Ásia-Pacífico. Para os
chineses, a reunificação de Taiwan com o continente tornou-se
uma política de Estado e toca em
sentimentos nacionalistas profundos. O governo americano
não reconhece a independência
de Taiwan, mas está obrigado por
decisão do Congresso a defender
a ilha em caso de agressão externa. E os chineses já avisaram que
adotarão uma solução militar caso o movimento separatista de
Taiwan seja vitorioso.
Wang ressalta que os dois lados
farão tudo para manter a situação
atual, na qual a ilha não tem status
de país independente. "Formou-se um novo campo de interesse
estratégico comum para os dois
países e eles farão tudo para preservar o crescente interesse econômico", afirma o professor.
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