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Caso Haider cria modelo para ação da UE sobre extremistas
DA REDAÇÃO
A entrada do Partido da Liberdade (FPÖ), do controverso líder
de extrema direita Jörg Haider, na
coalizão governamental austríaca, em 2000, criou um paradigma
que tem pautado a atitude da
União Européia em relação à presença de extremistas na administração e à imposição de sanções .
Segundo analistas ouvidos pela
Folha, a UE aprendeu uma importante lição em 2000, quando
impôs sanções à Áustria por causa do caso Haider. À época, Bruxelas argumentou que alguns comentários de Haider sobre minorias raciais eram "contrários aos
princípios fundamentais da UE".
As sanções duraram poucos
meses e foram suspensas depois
que o parecer de uma comissão de
"sábios", que havia visitado a
Áustria para observar como se
comportava o governo liderado
por Wolfgang Schüssel (do conservador Partido do Povo, ÖVP),
deu conta de um crescente sentimento antieuropeu no país.
"As autoridades européias perceberam que as sanções estavam
servindo aos interesses de Haider,
alimentando um incipiente sentimento antieuropeu. Afinal, Haider é um dos maiores detratores
da UE na Áustria", disse Anne-Marie Le Gloannec, do Centro
Marc Bloch (Berlim).
Ademais, Bruxelas sabia que
Viena poderia bloquear o funcionamento das instituições européias ao impor vetos retaliatórios
consecutivos em várias delas.
Todavia o que realmente fez
ruir a intenção da UE de punir os
Estados em que extremistas (de
direita ou de esquerda) chegassem ao poder foi o cotidiano da
administração austríaca, pois as
medidas por ela tomadas pouco
tinham de radicais.
"Levou algum tempo, mas Bruxelas percebeu que, no início do
governo, o FPÖ era muito mais
pragmático do que radical. Na
verdade, com isso, as autoridades
européias notaram que não valia
a pena punir um país por conta da
retórica radical de seus governantes", avaliou Fritz Windhager, da
Universidade de Viena (Áustria).
"Desde o controverso caso austríaco, ficou claro, em Bruxelas,
que um Estado só deveria ser objeto de sanções se seus dirigentes
tomassem medidas extremistas,
não se eles apenas expressassem a
intenção de fazê-lo. Para qualquer
partido, há uma grande diferença
entre uma campanha eleitoral e a
prática administrativa. No caso
da extrema direita, essa constatação é ainda mais verdadeira."
Desde então, alguns países europeus de peso, como Itália e Holanda, tiveram (ou ainda têm) a
extrema direita em suas coalizões
governamentais, mas nenhum
deles foi alvo de sanções.
(MSM)
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