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TRADIÇÃO ARGENTINA
Até a campanha eleitoral, primeira-dama era mais conhecida do que o próprio marido
Cristina Kirchner tem brilho próprio
GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO
Cristina Kirchner, 50, casada
há 26 anos com o presidente
eleito da Argentina, Néstor
Kirchner, não será uma primeira-dama qualquer, que servirá
apenas de acompanhante em
viagens internacionais ou que
conduzirá simbolicamente programas sociais.
Senadora e militante peronista
desde a juventude, Cristina tem
forte atuação política. Hoje, no
Senado, é presidente da comissão de assuntos constitucionais e
integra a comissão de Justiça e
assuntos penitenciários e a de
segurança interna e narcotráfico.
Sua atuação na comissão de
assuntos constitucionais foi destacada especialmente neste ano,
quando conseguiu a expulsão de
um senador que era tido como
um dos símbolos do descrédito
da classe política argentina, que
fraudou eleições em uma Província do país. Seu desempenho
no combate à corrupção também foi relevante durante o governo de Fernando de la Rúa
(1999-2001).
Mesmo pertencendo ao Partido Justicialista, o mesmo de Carlos Menem, nunca foi aliada do
ex-presidente argentino nos
anos 90, quando ele governava o
país.
Ao contrário, Cristina chegou
a se manifestar publicamente
contra Menem quando o ex-presidente promulgou leis que anistiavam militares argentinos envolvidos em crimes durante a ditadura, de 1976 a 83.
Entre os colegas senadores é
conhecida como "huracán" (furacão), por sua força política, e
como "Miss Congresso", por ser
considerada a parlamentar mais
bonita e elegante do Senado.
"Essa primeira-dama tem um
perfil totalmente distinto das demais primeiras-damas argentinas. É um quadro político. Tem
uma forte personalidade e grande convicção", diz a analista política Graciela Rommer.
A senadora já afirmou em entrevistas que não será primeira-dama, e sim "primeira-cidadã".
Ela descarta a possibilidade de
deixar o cargo no Senado, onde
está desde 2001, na sua segunda
passagem pela Casa.
Junto com o marido, "faz uma
simbiose perfeita", disse certa
vez o então vice-governador da
Província de Santa Cruz e hoje
titular do cargo, Héctor Izazuriaga. "É um típico casal de classe média argentino, no qual cada
um tem a sua atividade profissional e se respeita mutuamente", afirma a analista Rommer.
"Cada um dirige a própria vida,
sem tentar interferir na do outro", acrescenta.
Ainda assim, mesmo que houvesse interferência, não teria
tanto problema. Cristina e o presidente parecem ter uma visão
política de mundo muito próxima. Quase não houve divergências públicas entre os dois desde
que estudaram direito juntos na
Universidade de La Plata.
Até o início da campanha presidencial deste ano, Cristina era
mais conhecida nacionalmente,
por sua atuação no Senado e anteriormente na Câmara dos Deputados, do que o marido, que
ficava isolado em Santa Cruz.
Inspiração
Questionada pelo diário "Clarín" sobre qual primeira-dama
admirava mais, Cristina Kirchner surpreendeu o entrevistador
e respondeu: "Hillary Clinton".
Porém a nova primeira-dama
argentina afirma que não teria a
mesma atitude de Hillary, quando ela ficou sabendo da traição
do marido Bill Clinton, então
presidente americano. "Não teria reagido como ela."
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