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Para Morales, oposição tem de cumprir regra e ir a referendo
Boliviano rejeita carta que impunha cancelamento de votação como condição para diálogo
Mandatário afirma que governadores têm "medo do povo" e insta polícia e Forças Armadas a "fazerem que lei seja respeitada"
DA REDAÇÃO
O presidente da Bolívia, Evo
Morales, reagiu duramente à
carta enviada a ele por cinco governadores oposicionistas, na
qual impunham a não-realização do referendo que pode revogar os seus mandatos -e o de
Morales- como precondição
para retomarem o diálogo com
o mandatário.
Morales, em discurso em La
Paz durante a celebração do
aniversário da Polícia Nacional,
tachou os opositores de golpistas e disse que eles têm "medo
do povo". Além de instar os
oposicionistas a "respeitarem
as normas vigentes", pediu à
polícia e às Forças Armadas
que "façam com que a Constituição seja respeitada".
Proposta original de Morales
para pressionar a oposição ao
diálogo, o referendo revogatório foi aprovado em maio pelo
Senado, de maioria oposicionista, como provocação ao governo. Mas Morales viu na votação oportunidade de mostrar
força e confirmou sua realização para 10 de agosto.
Para que os mandatos sejam
revogados, é necessário que o
"não" supere tanto em número
absoluto quanto em porcentagem os votos obtidos pelo presidente e os nove governadores
nas eleições em 2005. Segundo
pesquisas recentes, apenas
Morales e o governador de Santa Cruz, Rubén Costas, seriam
mantidos em seus cargos.
Autonomia e Constituição
Dos 5 governadores que assinaram a carta a Morales, 4
-dos departamentos de Santa
Cruz, Beni, Pando e Tarija- organizaram em seus departamentos referendos em que foram aprovados estatutos de autonomia regional. Os pleitos foram considerados ilegais por
La Paz, já que os governadores
não tinham autoridade para
convocá-los e eles aconteceram sem participação da Justiça eleitoral.
Os referendos sobre autonomia foram uma resposta dos
governadores à Constituição
aprovada em dezembro de
2007. A Carta, que ainda precisa passar por voto popular, não
foi reconhecida pela oposição,
criando o impasse que sustenta
a crise boliviana.
No discurso de ontem, Morales disse que os oposicionistas
rejeitam o referendo revogatório porque "querem continuar
roubando" e afirmou ter provas
contra alguns governadores. "A
honestidade me trouxe à Presidência da República", disse.
O ministro da Presidência,
Juan Ramón Quintana, teria
até pedido que os governadores
fossem levados a julgamento
caso insistam em não se submeterem ao referendo revogatório, segundo a agência Ansa.
"Este é um golpe baixo contra o
Parlamento, que foi quem
aprovou a lei de convocação do
referendo revogatório. Por isso
pedimos que se inicie imediatamente o julgamento de responsabilidade dos governadores",
afirmou.
O secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados
Americanos), José Miguel Insulza, se disse preocupado com
a rejeição dos governadores ao
referendo revogatório, que o
órgão via como sinal de consenso para tentar superar a crise
política na Bolívia.
"Nos preocupa essa posição
dos governadores, que constitui um retrocesso", afirmou Insulza. O órgão defende que o referendo "se baseou em amplo
consenso entre Parlamento,
Executivo e os governadores".
A OEA -ao lado de Brasil,
Argentina e Colômbia- já tentou, sem sucesso, atuar como
mediadora entre Morales e os
governadores de oposição.
Com agências internacionais.
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