São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2008

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IMIGRAÇÃO

Cartéis mexicanos organizam travessia de cubanos para EUA

JOÓLLE STOLZ
DO "MONDE"

Exilados cubanos nos EUA pagam cartéis do narcotráfico mexicanos para organizarem a passagem de migrantes cubanos para o território americano. De acordo com as autoridades mexicanas, esse tráfico rende até US$ 19 mil por migrante.
Um incidente ocorrido no último dia 11 foi revelador.
Agentes de migração acompanhavam num ônibus 33 cubanos em situação irregular, além de quatro migrantes da América Central capturados na costa do México, que seriam detidos em Tapachula, no Estado de Chiapas.
Normalmente os migrantes cubanos são detidos por um mês em Tapachula e, após pagarem multa, recebem autorização para ficar dez dias no México. A administração fecha os olhos para os meios que eles utilizam para chegar à fronteira dos EUA, onde recebem automaticamente uma permissão de permanência temporária.
O veículo foi interceptado em Chiapas por homens encapuzados, que "libertaram" os cubanos. Oito dias depois, 18 deles foram encontrados no Texas. Eles tinham passado por um esconderijo na região de Veracruz antes de atravessar a fronteira em Reynosa -uma rota controlada pelo Cartel do Golfo e seus matadores, os "zetas".
A presença dos zetas na operação foi confirmada pelo procurador-geral adjunto da República, José Luis Santiago. Segundo o diário "La Jornada", dois passadores cubano-americanos, detidos quando transportavam o grupo, admitiram que faziam parte de uma organização anticastrista sediada em Miami, a Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA).
De acordo com eles, a FNCA usa os serviços do Cartel do Golfo desde 2005. Os cubanos deixam a ilha em pequenas embarcações e, ao chegarem a águas internacionais, são transferidos para lanchas ou iates e levados até Tamaulipas, onde os zetas os escoltam até a fronteira. Os passadores, sob proteção judicial, afirmam que uma parte do dinheiro pago pelos migrantes é usada para subornar funcionários mexicanos.


Tradução de CLARA ALLAIN

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