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Senador busca
apagar imagem de
falta de firmeza
DO ENVIADO ESPECIAL A BOSTON
A primeira personalidade
a discursar amanhã a favor
de John Kerry na Convenção
Nacional Democrata será
um de seus companheiros
de embarcação na época em
que o senador serviu no
Vietnã, patrulhando as
águas do rio Mekong.
Nos dois dias seguintes, toda a tônica da convenção estará voltada para a biografia
militar do virtual candidato
a presidente e para os serviços por ele prestados aos
EUA. Também será discutido o modo como transformar o país em "um local
mais forte e seguro".
O esforço democrata de
tentar colocar Kerry em pé
de igualdade com o "presidente da guerra" George W.
Bush visa retirar do republicano seu principal patrimônio eleitoral.
Kerry não perde uma
oportunidade em seus freqüentes discursos para afirmar que, enquanto lutava
por seu país na Ásia, seu adversário "fugiu" do conflito
ao se alistar na Guarda Nacional dos EUA, um santuário, à época, para filhos de famílias ricas que evitavam ir à
guerra.
John Kerry procurará
apresentar também um histórico de votações durante
seus 20 anos no Senado que
nada tem a ver com a pecha
de "esquerdista" que os republicanos estão tentando
carimbar em sua personalidade.
Em várias ocasiões em sua
carreira, Kerry votou a favor
de medidas de disciplina fiscal não muito comuns entre
os democratas e por resoluções nada esquerdistas na
área do seguro social.
Embora venha criticando
Bush por causa da ação norte-americana no Iraque,
Kerry também foi um dos
senadores que votaram a favor do uso da força contra o
ex-ditador Saddam Hussein
no ano passado.
A acusação de Kerry contra Bush de que o republicano preside o país em favor de
interesses corporativos também representa outra contradição na biografia do democrata.
Quando pisar no FleetCenter de Boston nesta semana, palco da convenção,
Kerry estará aceitando mais
uma contribuição de uma
das instituições que mais financiaram a sua carreira política, o banco FleetBoston,
sediado no Estado de Massachusetts.
Como Bush, o democrata
sempre teve grandes corporações por trás de sua carreira. Também teve lobistas e
advogados de conglomerados gigantescos, como a
AT&T, a AOL Time Warner
e a Comcast, por trás de sua
carreira.
Família rica
Como Bush, Kerry é oriundo de uma influente e rica família norte-americana.
Atualmente, é casado com
uma das mulheres mais ricas
dos EUA, a moçambicana
naturalizada americana Tereza Heinz, herdeira de fábricas de uma das marcas de
produtos alimentícios mais
populares do país.
Enquanto procura se igualar a Bush como alternativa
viável para defender os EUA
em uma época de ameaças
terroristas, Kerry vem dando tênues contornos liberais
a seu discurso em questões
morais e de costumes, como
aborto e liberdade de orientação sexual.
Tudo muito contido, no
entanto, para não afugentar
o eleitor médio e conservador que vai decidir a eleição
em novembro.
(FCz)
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