São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Segurança mais rígida preocupa e amedronta clandestinos

Brasileiros ilegais em Boston fogem da convenção

DO ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

Milhares de brasileiros que vivem ilegalmente em Boston ou nos arredores da cidade não vão trabalhar durante esta semana. O motivo é simples: o temor de serem presos pelas autoridades policiais que estão vigiando fortemente a cidade.
Boston se transformou em uma fortaleza para a Convenção Nacional Democrata, com milhares de policiais e agentes do FBI (a polícia federal americana) espalhados pela cidade, buscando evitar a ocorrência de atentados terroristas.
Nas principais ruas e nas estações de metrô da cidade, que estão sendo fortemente monitoradas, policiais têm checado documentos, bolsas e sacolas de todos os que passam.
No caso dos cerca de 250 mil brasileiros que vivem no Estado de Massachusetts, onde se encontra Boston, 79% não têm nenhum outro documento a não ser um passaporte com visto vencido ou sem nenhum visto -caso dos que entraram ilegalmente nos EUA pelo México.
"Muitos brasileiros estão morrendo de medo e vão simplesmente evitar ao máximo circular pela cidade nesses dias", afirma Marconi Almeida, diretor-assistente do Centro de Imigração Brasileira de Boston.
"Até os patrões reconheceram o problema e concederam folgas generalizadas aos brasileiros", diz Almeida.
O centro para imigrantes também está distribuindo folhetos em inglês e em português aos brasileiros que não têm documentos para que apresentem a policiais na eventualidade de serem questionados.
"O objetivo é reforçar o direito constitucional de qualquer pessoa de se manter em silêncio caso seja inquirido", diz o brasileiro.
Boston tem uma das maiores comunidades brasileiras nos EUA. Os imigrantes trabalham principalmente em construções e serviços de limpeza, mas, no momento, ocorre um "boom" de novas oportunidades no mercado de corretagem imobiliária.
Cerca de 600 negócios formais também estão registrados em nome de brasileiros legalizados. Há outras 2.000 pequenas empresas, segundo Almeida, que pertencem a imigrantes ilegais.
O Centro de Imigração Brasileira de Boston está promovendo uma campanha para registrar no Partido Democrata cerca de 15 mil brasileiros -que vivem legalmente nos EUA- para as eleições de novembro.
"Apenas alguns poucos malucos preferem votar em Bush", diz Almeida.

Voto latino
Pesquisa divulgada pelo "Washington Post" na semana passada mostrou que Kerry leva grande vantagem sobre Bush entre a comunidade latina que vive nos EUA.
Dois entre cada três latinos em condições legais de votar preferem o democrata a Bush.
Há menos de um mês, Kerry lançou um ambicioso programa dirigido à América Latina. O senador afirmou que, durante o seu mandato, promoveria a "comunidade das Américas" e que este seria "o século da região".
Em relação a acordos comerciais com a região, como a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), Kerry tem se mostrado bastante conservador.
Se eleito, promete uma revisão de todos os acordos que os EUA têm com na América Latina, considerados pelo senador como prejudiciais ao emprego dos norte-americanos. (FERNANDO CANZIAN)


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