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ELEIÇÃO NOS EUA
Segurança mais rígida preocupa e amedronta clandestinos
Brasileiros ilegais em Boston fogem da convenção
DO ENVIADO ESPECIAL A BOSTON
Milhares de brasileiros que vivem ilegalmente em Boston ou
nos arredores da cidade não vão
trabalhar durante esta semana. O
motivo é simples: o temor de serem presos pelas autoridades policiais que estão vigiando fortemente a cidade.
Boston se transformou em uma
fortaleza para a Convenção Nacional Democrata, com milhares
de policiais e agentes do FBI (a
polícia federal americana) espalhados pela cidade, buscando evitar a ocorrência de atentados terroristas.
Nas principais ruas e nas estações de metrô da cidade, que estão sendo fortemente monitoradas, policiais têm checado documentos, bolsas e sacolas de todos
os que passam.
No caso dos cerca de 250 mil
brasileiros que vivem no Estado
de Massachusetts, onde se encontra Boston, 79% não têm nenhum
outro documento a não ser um
passaporte com visto vencido ou
sem nenhum visto -caso dos
que entraram ilegalmente nos
EUA pelo México.
"Muitos brasileiros estão morrendo de medo e vão simplesmente evitar ao máximo circular
pela cidade nesses dias", afirma
Marconi Almeida, diretor-assistente do Centro de Imigração
Brasileira de Boston.
"Até os patrões reconheceram o
problema e concederam folgas
generalizadas aos brasileiros", diz
Almeida.
O centro para imigrantes também está distribuindo folhetos
em inglês e em português aos brasileiros que não têm documentos
para que apresentem a policiais
na eventualidade de serem questionados.
"O objetivo é reforçar o direito
constitucional de qualquer pessoa
de se manter em silêncio caso seja
inquirido", diz o brasileiro.
Boston tem uma das maiores
comunidades brasileiras nos
EUA. Os imigrantes trabalham
principalmente em construções e
serviços de limpeza, mas, no momento, ocorre um "boom" de novas oportunidades no mercado de
corretagem imobiliária.
Cerca de 600 negócios formais
também estão registrados em nome de brasileiros legalizados. Há
outras 2.000 pequenas empresas,
segundo Almeida, que pertencem
a imigrantes ilegais.
O Centro de Imigração Brasileira de Boston está promovendo
uma campanha para registrar no
Partido Democrata cerca de 15
mil brasileiros -que vivem legalmente nos EUA- para as eleições de novembro.
"Apenas alguns poucos malucos preferem votar em Bush", diz
Almeida.
Voto latino
Pesquisa divulgada pelo "Washington Post" na semana passada
mostrou que Kerry leva grande
vantagem sobre Bush entre a comunidade latina que vive nos
EUA.
Dois entre cada três latinos em
condições legais de votar preferem o democrata a Bush.
Há menos de um mês, Kerry
lançou um ambicioso programa
dirigido à América Latina. O senador afirmou que, durante o seu
mandato, promoveria a "comunidade das Américas" e que este
seria "o século da região".
Em relação a acordos comerciais com a região, como a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), Kerry tem se mostrado bastante conservador.
Se eleito, promete uma revisão
de todos os acordos que os EUA
têm com na América Latina, considerados pelo senador como prejudiciais ao emprego dos norte-americanos.
(FERNANDO CANZIAN)
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