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Sequestrada diz ser a favor de ação do governo
DO ENVIADO ESPECIAL À COLÔMBIA
M. (ela pede para não ter seu
nome divulgado) e o marido
são duas das 3.041 vítimas de
sequestro de 2001. Donos de
uma pequena fazenda no Departamento (Estado) de Cesar,
eles foram levados pelo ELN
(Exército de Libertação Nacional), a segunda maior guerrilha
do país, e libertados após o pagamento de resgate. Leia a seguir trechos da entrevista de M.
à Folha, em Bogotá.
(RW)
Folha - Como a sra. foi sequestrada?
M. - Meu marido estava sequestrado desde março do ano
passado. No afã de ajudar para
tentar que o libertassem, marcaram um encontro, eu fui e
me levaram também. Estive sequestrada três meses e meio.
Folha - E como havia sido o sequestro de seu marido?
M. - Ele estava em uma pequena fazenda que temos, veio um
grupo de oito pessoas fortemente armadas, quatro delas
com uniformes militares, o tiraram do carro, o fizeram subir
em sua camionete e o levaram.
Folha - E de que grupo eram?
M. - Eles se identificaram como ELN.
Folha - E vocês já haviam recebido alguma ameaça antes?
M. - Meu marido já havia sido
sequestrado duas vezes em
1986, também pelo ELN.
Folha - Como foi o tratamento
que vocês receberam dos sequestradores?
M. - A maioria das pessoas,
quando ouve essa pergunta, diz
que o tratamento foi bom, pois
havia comida. Mas eu acho
que, só pelo fato de estar privado da liberdade, não é possível
estar sendo bem tratado.
Folha - Eles explicavam suas
motivações a vocês?
M. - Diziam que faziam isso
porque estavam lutando pelo
povo, pelos camponeses. Mas
eu dizia: o que sou, uma extraterrestre? Sou também povo,
mereço respeito e não pertenço
à classe alta.
Folha - Vocês foram libertados
após pagamento de resgate?
M. - Isso é muito difícil, porque esses grupos, se não recebem algo, não liberam os sequestrados. Isso não fomos nós
que administramos, foram
nossos filhos. Sei que houve
um dinheiro.
Folha - Eles pediam somente
dinheiro?
M. - Era só dinheiro. Muito
mais do que podíamos pagar.
Folha - Vocês não tiveram vontade de sair do país após o sequestro?
M. - É muito difícil tomar essa
decisão, quando temos toda a
família aqui, temos nosso patrimônio aqui. E gostamos
muito da Colômbia. É difícil ir
viver em outro lugar. Já estivemos morando fora do país, por
motivo de trabalho de meu marido, mas percebemos que o
melhor é estar em seu país.
Folha - Como a sra. vê a atuação do governo no combate às
guerrilhas?
M. - Estou muito de acordo
com o rompimento do processo de paz com as Farc. Para que
haja negociações, primeiro eles
têm de deixar o terrorismo, liberar os sequestrados, pelo
menos nós, civis que não temos
nada a ver com a guerra. Têm
de deixar as armas.
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