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Guerrilha não ameaça pleito, diz analista
DO ENVIADO ESPECIAL À COLÔMBIA
As ações recentes da guerrilha
para sabotar a eleição presidencial colombiana de hoje não são
suficientes para ameaçar a sua
realização e não devem gerar dúvidas sobre os resultados, na avaliação do analista político Alejo
Vargas, ex-vice-reitor da Universidade Nacional e membro da comissão facilitadora do diálogo do
governo com o ELN (Exército de
Libertação Nacional), segundo
grupo guerrilheiro do país.
"Acho que eles não têm capacidade suficiente para ameaçar as
eleições, a não ser com pequenas
interferências em regiões da zona
rural", afirma Vargas.
Leia a seguir trechos da entrevista que Vargas concedeu à Folha, em Bogotá.
(RW)
Folha - A ação dos grupos armados ilegais ameaça as eleições?
Alejo Vargas - Desde a ruptura
do processo de paz, em fevereiro,
as Farc estão incrementando suas
ações, basicamente no campo da
sabotagem à infra-estrutura e de
ações de terrorismo. Isso levou
também a uma postura de oposição às eleições por parte da guerrilha. Isso não acontece em todo o
país, mas basicamente nas suas
áreas de influência.
As Farc pressionam eleitores a
não ir votar porque, para elas, as
eleições não têm legitimidade.
Elas consideram que votar seria
legitimar o atual regime de governo com o qual elas não concordam. Em outras eleições, tanto as
Farc como o ELN tentaram sabotar a votação, mas não tiveram sucesso, por falta de capacidade.
Acho que agora elas também não
têm capacidade suficiente para
ameaçar as eleições, a não ser com
pequenas interferências em regiões da zona rural.
Folha - Mas o presidente Pastrana admitiu que em 6% ou 7% do
território as eleições podem não
ocorrer por conta dos conflitos. Isso não ameaça a sua legitimidade?
Vargas - Isso já é tradição. Sempre há um setor do eleitorado que
sofre interferências pela ação dos
grupos armados. Mas não acredito que isso signifique que não se
devam realizar as eleições ou que
seu resultado seja ilegítimo. O que
é novo agora é que os grupos paramilitares de direita também estão interferindo e pressionando
para que se vote pelo candidato
que eles preferem, Alvaro Uribe.
Folha - O fato de as últimas pesquisas mostrarem Alvaro Uribe
com de 49% a 51% das intenções de
voto, indicando uma decisão sobre
a realização ou não de um segundo
turno por uma pequena margem
de votos, pode levar a uma onda de
contestações do resultado?
Vargas - Os questionamentos serão inevitáveis, como ocorreu
com as eleições legislativas de 10
de março, cujo resultado final
ainda não foi divulgado, por conta das denúncias de fraude e pressões". Mas, no geral, acho pouco
provável que haja questionamentos jurídicos ou pedidos de recontagem de votos que levem a uma
batalha legal e que ameacem a
possível realização do segundo
turno, em 16 de junho. Se ficar claro que determinada opção tem o
apoio de mais da metade do eleitorado, será difícil contestar.
Folha - E se houver um segundo
turno, o sr. acredita que Serpa tenha condições de reduzir o favoritismo de Uribe até 16 de junho?
Vargas - Isso vai depender muito
da diferença entre eles. Se a diferença for de dez pontos percentuais ou menos, pode haver uma
disputa mais acirrada, com a busca do apoio dos candidatos derrotados. Se a diferença for maior,
como indicam as pesquisas, considero muito difícil a alteração
dessa tendência. De qualquer modo, será interessante ver o quanto
as pesquisas estão refletindo com
exatidão as intenções de voto.
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