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Praça do Congresso reúne dois lados do conflito
DE BUENOS AIRES
O encaminhamento ao Congresso, na semana passada, do
projeto de lei do governo de
Cristina Kirchner que aumenta
os impostos sobre as exportações de grãos mudou o foco do
conflito na Argentina da Casa
Rosada para a sede do Poder
Legislativo.
Hoje, a praça em frente ao
Congresso já é chamada de praça das sete barracas. Ali, movimentos kirchneristas instalaram seis tendas para manifestarem seu apoio à proposta do
governo. O setor agropecuário
tem uma barraca, no lado oposto da praça. Antes separados
pela distância entre a cidade e o
campo, agora os dois grupos fazem seus protestos a poucos
metros um do outro.
A barraca do campo é a única
que tem permissão oficial da
Prefeitura de Buenos Aires para ser fincada no local. Os manifestantes que apóiam o governo se instalaram e dominaram a praça no fim de semana.
Quase foram expulsos, mas
uma decisão judicial proibiu
que fossem desalojados.
Em meio à batalha pela atenção dos congressistas e de
quem passar pela praça, os dois
grupos compartilharam um
momento de paz anteontem,
quando disputaram uma partida de rúgbi a convite de um canal de TV. Mas, como no conflito, não houve vencedor na partida: o placar foi 0 a 0, mas as
equipes ao menos trocaram as
camisas no fim do jogo.
Touro x pingüim
Na tarde de ontem, a atração
na barraca dos ruralistas era o
carismático líder da Federação
Agrária de Entre Ríos, Alfredo
de Angeli, que, com discursos à
beira das estradas, virou uma
espécie de ídolo nacional.
Enquanto o Alfredo original
discursava dentro da tenda,
atraindo madames e mendigos,
quem não conseguia entrar tirava fotos com a homenagem a
ele, um touro inflável de cerca
de cinco metros de altura, batizado "Alfredito".
Para contra-atacar, representantes do movimento de jovens peronistas La Cámpora
apareceram vestidos de ovos e
prometeram para a noite trazer
seu próprio mascote, um pingüim inflável chamado Néstor,
em homenagem ao ex-presidente Néstor Kirchner. Os
kirchneristas prometem um
ato na praça para amanhã.
Enquanto isso, a apreciação
do projeto na Câmara de Deputados passa por incidentes porque todos os grupos querem
participar da discussão. Ontem,
a reunião teve de ser suspensa
por algumas horas porque produtores rurais e legisladores se
empurravam na disputa por
um lugar na sessão.
(AK)
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