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Premiê beneficia-se de oposição ausente
DA REDAÇÃO
Um dos fenômenos mais impressionantes da política britânica desde a primeira vitória de
Tony Blair em 1997 tem sido a incapacidade do Partido Conservador, que governou o Reino Unido
durante a maior parte do século
20, de se regenerar.
"O maior êxito de Blair foi ter
desintegrado os conservadores e
os feito incapazes de vencer uma
eleição", diz George Jones, da
LSE. Essa incapacidade ocorre
por um conjunto de motivos.
Em primeiro lugar, devido à extensão das derrotas do partido
nas duas últimas eleições, em especial em 2001. Os trabalhistas detêm 409 das 658 vagas do Parlamento. Os conservadores, só 163.
Em segundo lugar, desde que o
ex-premiê John Major (1990-97)
deixou a liderança conservadora
após sua histórica derrota para
Blair, o partido não encontrou
um líder capaz de desafiar o atual
primeiro-ministro. O presente líder, Iain Duncan Smith, 49, eleito
em 2001, não mostrou a que veio.
Essa dificuldade está relacionada com o desgaste do partido
após 18 anos de poder: os anos
gloriosos de Margaret Thatcher
(1979-90), um dos governantes
mais poderosos do Reino Unido
das últimas décadas, e os não tão
gloriosos de John Major (1990-97), em parte marcados pela divisão interna dos conservadores e o
cansaço da população.
Quando Blair foi alçado à liderança dos trabalhistas em 1994, ele
rapidamente identificou os pontos de desgaste dos conservadores
e, pouco a pouco, foi "roubando"
suas principais bandeiras, ao
mesmo tempo em que conduzia
seu próprio partido ao centro político, aproximando-se da classe
média (maioria do eleitorado).
"Blair é muito alerta ao sentimento do público e ajusta suas
políticas a ele. E está respondendo
ao público. Do contrário, os conservadores teriam encontrado alguma causa para alavancar apoio.
Até agora, não encontraram nenhuma", diz Jones.
Para o colunista Matthew Parris, a crise de confiança de Blair
deverá fazer os conservadores
"flutuarem sobre as pedras", mas
dificilmente os fará vencer as próximas eleições. "Eles teriam que
trocar de líder, mas será difícil fazer isso quando começam a subir
nas pesquisas", diz.
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