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Em sete anos, UE terá mais mortes do que nascimentos
Estudo indica imigração como única maneira de frear redução populacional no bloco
Segundo projeção, em 2060, população maior de 65 anos atingirá 30%, e haverá só dois trabalhadores para cada aposentado na zona
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Enquanto endurece as restrições à entrada de imigrantes, a
Europa vê o crescimento de sua
população caminhar rumo à estagnação. De acordo com um
estudo divulgado ontem, em
sete anos, o número de mortes
nos 27 países da União Européia passará o de nascimentos.
Isso significa que, a partir de
2015, a imigração passará a ser
o único fator de crescimento
populacional do bloco, indica a
projeção do Eurostat, o escritório de estatísticas da UE. Uma
das previsões mais surpreendentes é sobre o encolhimento
da Alemanha, que até 2060 terá
quase 12 milhões de pessoas a
menos do que hoje, perdendo a
posição de maior população do
bloco para o Reino Unido.
O estudo confirma ainda que
o envelhecimento da população européia observado nas últimas três décadas continuará,
com inevitáveis conseqüências
sociais. Especialistas alertam
há anos para a "bomba-relógio"
que isso representa para os sistemas previdenciários. A persistir a tendência atual, em
2060 haverá na Europa apenas
dois trabalhadores para cada
aposentado, metade da proporção registrada hoje.
A previsão do Eurostat é de
que a porcentagem atual de
pessoas acima de 65 anos, de
17,1%, quase dobrará até 2060,
chegando a 30%. A população
com mais de 80 anos praticamente triplicará no mesmo período, passando de 22 milhões
(4,4%) para 61 milhões (12,1%).
Para Andres Vikat, chefe da
unidade de demografia da Comissão Econômica para a Europa, órgão da ONU em Genebra, é inevitável que a busca de
soluções para o encolhimento
da população economicamente
ativa envolva a absorção de imigrantes. Isso ainda não acontece, diz ele, porque o tema da
imigração continua extremamente politizado.
"Os governos não podem
conter o envelhecimento da
população, mas podem restringir a imigração", disse Vikat à
Folha, em referência ao endurecimento das normas de entrada de imigrantes aprovadas
pelo Parlamento Europeu.
Ele diz que em algum momento imigração e demografia
se juntarão no debate político
europeu, mas que a tendência é
que as políticas preferidas sejam as de incentivo à chegada
de estrangeiros qualificados,
não uma liberalização geral.
Outra saída para aliviar o peso
sobre a Previdência, observa
Vikat, é prolongar a vida ativa
dos trabalhadores europeus,
que em alguns setores podem
se aposentar com 50 anos.
Pelas projeções do Eurostat,
a médio prazo a população total
da UE continuará crescendo,
dos 495 mihões atuais para 521
milhões em 2035. A partir daí
sofrerá um declínio, chegando
a 506 milhões em 2060.
Dos 27 países do bloco, 13 terão aumento populacional até
2060, contra 14 que passarão
pelo processo oposto.
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