|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Putin pede perdão aos familiares das vítimas
DA REDAÇÃO
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu perdão aos familiares dos reféns mortos na operação que encerrou o sequestro no
teatro em Moscou.
"Perdoem-nos, não pudemos
salvar todo mundo", disse Putin,
que atribuiu a culpa do ato promovido por rebeldes tchetchenos
ao terrorismo internacional, descrito como "forte e perigoso".
Não estava claro ainda qual seria o impacto do fim do drama na
popularidade de Putin.
A tomada do teatro por terroristas tchetchenos foi considerada
inicialmente como uma humilhação para um homem cuja ascensão ao Kremlin foi alimentada por
sua posição dura em relação à
Tchetchênia. Embora ao menos
90 reféns tenham morrido quando forças especiais entraram no
local, houve alívio pela libertação
de cerca de 700 reféns.
Antes do fim do sequestro, analistas russos elogiavam a recusa de
Putin em ceder às exigências dos
sequestradores para que as tropas
russas se retirassem da Tchetchênia, república caucasiana que se
autoproclamou independente em
1991, após o colapso da União Soviética. A Rússia ainda a considera parte de seu território.
Após o primeiro conflito na região, entre 1994 e 1996, as Forças
Armadas da Rússia deixaram a
Tchetchênia humilhadas.
O segundo conflito na Tchetchênia entre rebeldes independentistas e soldados russos teve
início em outubro de 1999 e já matou cerca de 5.000 militares russos
e mais de 50 mil tchetchenos, boa
parte civil, segundo organizações
de defesa dos direitos humanos.
A guerra na Tchetchênia destruiu a maior parte da infra-estrutura produtiva da região, incluindo as fábricas e a indústria petrolífera, e causou o êxodo de centenas
de milhares de refugiados (a população tchetchena era de 1,2 milhão antes do início do conflito).
O fim dramático do sequestro
no teatro de Moscou reduz as esperanças de uma solução negociada para a guerra na Tchetchênia. "Não vejo mudança na política da Rússia em relação à Tchetchênia. As coisas podem até ficar
mais trágicas", disse o analista político e militar Pavel Felgenhauer.
"Os rebeldes vão se entrincheirar mais, o que significa que haverá novos ataques terroristas, possivelmente muito mais sangrentos do que esse, possivelmente
também em Moscou."
Durante a crise, Putin chegou a
dizer que aceitava discutir o futuro da Tchetchênia, mas apenas segundo suas próprias condições.
Familiares de reféns promoveram atos contra a guerra, mas seu
apelo não obteve muito respaldo.
"O que aconteceu foi especialmente triste porque a opinião pública começava a mudar drasticamente", disse Andrei Piontkovsky, diretor do Centro de
Moscou para Estudos Políticos.
"Mais de 60% das pessoas são
contra a guerra e a favor de negociações políticas, de acordo com
pesquisas. Agora, esse processo
deve sofrer um retrocesso."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Gás tóxico agrava estado de reféns Próximo Texto: Eleição: Equatoriano rejeita comparação com Chávez Índice
|