|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bascos querem votação para se separar da Espanha
Madri irá à Corte Constitucional para barrar manobra
DA REDAÇÃO
O Parlamento do País Basco
espanhol aprovou ontem a convocação de um referendo que,
se realizado, poderia levar à independência política daquela
região. Mas o governo central
de Madri já anunciou que recorrerá à Corte Constitucional
para abortar a manobra.
O País Basco, no nordeste da
península Ibérica e com 2,1 milhões de habitantes, já desfruta
pela Constituição de 1978 da
autonomia também reconhecida às regiões da Andaluzia, Catalunha, Galícia e Navarra.
Mas o governo basco entra
periodicamente em choque
com Madri, como em 2004,
quando apresentou uma idéia
provocadora. Por ela, o País
Basco se tornaria "um Estado
associado à Espanha".
Desta vez, o presidente do
governo basco, Juan José Ibarretxe, propôs que em 25 de outubro os eleitores respondam a
duas perguntas. A primeira autorizaria as lideranças regionais a negociarem a paz com o
grupo independentista ETA,
que já matou mais de 800 pessoas em atentados terroristas
nos últimos 40 anos.
A segunda pergunta, mais
maliciosa, daria procuração aos
partidos políticos para negociar um acordo que outorgaria
aos bascos "o direito de decidir
sobre seu futuro". Se fosse o caso, um novo referendo seria
convocado para 2010.
Mas há para tudo isso um
obstáculo legal. O artigo 149 da
Constituição espanhola exige
para referendos a autorização
do Estado. É por isso que a vice-premiê Maria Teresa Fernández de la Vega disse ontem que
o governo iria recorrer, tão logo
o "Diário Oficial" basco publicasse a convocação.
O presidente Ibarretxe, acreditam os analistas, sabia que
seu novo projeto não teria fôlego. Se insistiu na sua aprovação, foi para marcar posição e
reforçar o poder de barganha
do Partido Nacionalista Basco.
A votação foi apertada: 34 votos a 33. Os socialistas e o Partido Popular (direita) foram contra. Votaram a favor os nacionalistas e uma deputada do
Partido Comunista das Terras
Bascas, que acabou se tornando
o voto de desempate.
O porta-voz do PP, Leopoldo
Barreda, perguntou a Ibarretxe
"quanto havia pago" pelo voto
da comunista, desencadeando
longa troca de asperezas.
Ao contrário das demais regiões autônomas, o País Basco
tem um histórico de violência,
em razão dos atentados da
ETA. O chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, tentou até 2006 negociar com o grupo clandestino.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Governo do Zimbábue coage eleitores, dizem testemunhas Próximo Texto: Parceria estratégica: Rússia e UE selam acordo, mas divergências persistem Índice
|