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ELEIÇÃO NA CALIFÓRNIA
Declarações sexistas e partido afastam Schwarzenegger do eleitorado feminino
Mulheres são ponto fraco na campanha do "Exterminador"
KATHARINE Q. SEELYE
JOHN M. BRODER
DO ""NEW YORK TIMES"
Maria Shriver, membro de uma
família democrata muito famosa
nos Estados Unidos, chegou ao
estacionamento de um Wal-Mart
em Sacramento numa tarde de
sexta-feira, em sua primeira aparição sozinha na campanha de
seu marido, Arnold Schwarzenegger, republicano que concorre
ao governo da Califórnia no próximo dia 7 de outubro.
Mas sua iniciativa logo se tornou um caos. Ela foi recebida por
cerca de 30 sindicalistas que gritavam palavras de ordem, rejeitando a eleição especial para o governo do Estado e denunciando as
políticas trabalhistas do Wal-Mart. Menos de dez minutos depois, e 35 minutos antes do previsto, Shriver foi levada embora.
Sua visita ao local visava algo
mais do que simplesmente conseguir o apoio de mais algumas dezenas de eleitores e divulgar um
comunicado insosso de apoio ao
marido. Shriver tenta abrandar a
imagem de Schwarzenegger e
combater uma sombra sobre suas
perspectivas eleitorais. Como
quase todos os candidatos republicanos na Califórnia, Schwarzenegger enfrenta um problema
com o eleitorado feminino, que
tende a preferir os democratas.
Mas a carreira de halterofilista e,
mais tarde, astro de ação, somada
ao suposto comportamento grosseiro e a comentários chauvinistas, agravou o problema.
Segundo analistas políticos, ele
já perdeu eleitoras no "recall" do
atual governador, quando os eleitores dirão se querem ou não a
permanência de Gray Davis, reeleito no ano passado. Caso não
queiram, devem escolher o substituto -o ator é uma das opções.
Para melhorar a performance,
Schwarzenegger tomou partido
em algumas questões sociais que
tendem a atrair o voto feminino,
manifestando apoio ao aborto, a
medidas de controle de armas de
fogo e de proteção ambiental.
Mas nem isso reduziu a desvantagem, afirma o consultor republicano Allan Hoffenblum. ""Basta
ver os filmes que ele já fez, sua carreira e as declarações que ele já
deu -sem falar que é republicano", disse. ""É claro que ele tem
um problema com as mulheres."
A campanha de Schwarzenegger reconhece sua debilidade entre as mulheres, e, segundo assessores do candidato, a crescente visibilidade de Maria Shriver, 47, é
parte da resposta a isso.
As primeiras semanas da campanha do ator foram dedicadas a
questões econômicas e fiscais,
que tendem a interessar mais aos
homens. Ele também buscou
consolidar seu apoio entre os republicanos e os independentes de
direita, indo a programas de entrevista conservadores no rádio
-outra iniciativa repudiada por
muitas mulheres.
Agora, a campanha quer ampliar a base de apoio, e Shriver está na vanguarda da tentativa de
atrair eleitoras. Filha de Eunice
Shriver Kennedy e sobrinha de
John e Robert Kennedy, ela integra a família democrata mais famosa dos Estados Unidos.
""Fui voluntária numa campanha política pela primeira vez aos
cinco anos", ela contou no dia em
que ajudou o marido a inaugurar
um comitê em Santa Monica. ""Fiquei do lado de fora de uma loja
de departamentos em Chicago,
no inverno, e ajudei minha mãe e
meu irmão a entregar folhetos."
Em nenhum momento Shriver
identificou sua família ou os candidatos pelo nome, nem mencionou seu partido. ""Se você é democrata, é bem-vindo aqui", disse
aos voluntários reunidos diante
do comitê. Em seguida, falou sobre o marido. ""Ele é um dos homens mais solidários, gentis e de
cabeça aberta que já conheci",
disse. ""Eu o conheço desde os 21
anos e sei que não estaria onde estou -na carreira, como mulher- se não fosse seu apoio."
Schwarzenegger perdeu pontos
com as mulheres quando comentários feitos anos atrás vieram à
tona com a candidatura.
Numa entrevista à extinta revista ""Oui", o ator disse ter praticado
sexo grupal e falou dos benefícios
do sexo antes das competições de
fisiculturismo. Schwarzenegger, o
candidato, disse que inventou os
episódios para promover um documentário sobre sua vida.
Um artigo publicado na revista
""Première" em março de 2001
disse que o ator teria bolinado
mulheres em sets de filmagem e
durante entrevistas. Ele negou.
De acordo com artigo publicado em julho pela ""Entertainment
Weekly", o ator, comentando seu
novo filme, ""O Exterminador do
Futuro 3 - A Rebelião das Máquinas", teria dito que gostou de fazê-lo porque, afinal, ""quantas vezes na vida você tem a chance de
pegar uma mulher e mergulhar a
cara dela numa privada?".
Grupos de mulheres e democratas o acusam de comportamento
sexual predatório.
Questionado sobre as declarações à "Oui", o candidato disse ter
""o mais profundo respeito pelas
mulheres". ""Eu disse coisas malucas? Você tem toda razão. Eram
os anos 70, e estávamos promovendo o fisiculturismo", afirmou.
""Tentávamos conseguir manchetes, e, às vezes, eu dizia coisas
exageradas e inverídicas. Mas é
preciso esquecer os anos 70. Naquela época eu era uma pessoa diferente."
Tradução de Clara Allain
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