|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No Brasil, dados estão dispersos
DA REDAÇÃO
No Brasil, as Forças Armadas
vêm negando sistematicamente a
existência de documentos sobre o
período. Em julho, o "Diário da
Justiça" publicou decisão da juíza
Solange Salgado, da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, determinando a quebra do sigilo sobre as
informações militares acerca da
guerrilha do Araguaia, movimento armado organizado pelo PC do
B, sufocado entre 1972 e 1975.
Mesmo que o governo federal
não tivesse recorrido da sentença,
é duvidoso que algum documento acabasse vindo à tona: "O Exército brasileiro não possui, em seus
arquivos, nenhum documento,
muito menos fragmento histórico, sobre o fato em tela", declarou
o Centro de Comunicação Social
do Exército em maio último.
É provável que muitos arquivos
já tenham sido efetivamente destruídos. Em 1982, o PMDB venceu
as eleições para governador em
nove Estados, e o PDT, em um.
Diante da iminência da chegada
da oposição ao poder, cada Dops
(Departamento de Ordem Política e Social) teria incinerado parte
dos papéis sobre o período, como
revelou, em 1998, o delegado Ediraldo Brandão, responsável pelo
Dops de Minas. Operação similar
teria ocorrido no Amazonas.
Em Goiás, os documentos do
Dops foram entregues para a 3ª
Brigada de Infantaria Motorizada
do Exército em 1982. Os papéis foram devolvidos ao governo de
Goiás em 1995, mas provavelmente acabaram expurgados.
Em 1983, pouco antes da posse
dos governadores, o presidente
João Baptista Figueiredo (1979-1985) avocou para a Polícia Federal os inquéritos políticos, retirando-os da alçada dos Estados. É
provável que em 1985, antes que
Figueiredo transmitisse o poder
para a oposição, outros arquivos
tenham sofrido uma depuração.
Em 1992, o secretário nacional
da PF, Romeu Tuma, transferiu
cerca de 2 milhões de documentos dos extintos Dops para o Arquivo do Público do Estado de
São Paulo. Outro tanto foi transferido, no mesmo ano, para o Arquivo Público do Estado do Rio.
Outras coleções também foram
abertas: a do Dops do Paraná tinha documentos sobre desaparecidos no regime militar, e a do
Dops do Rio de Janeiro registrava
o enterro da ex-militante da ALN
Sônia Angel com nome de Esmeralda Siqueira de Aguiar.
É provável que muitos documentos ainda estejam guardados.
O problema é localizá-los.
Texto Anterior: Repressão: Argentina reúne os arquivos da ditadura Próximo Texto: Entrevista: Futuro chinês terá inúmeros obstáculos Índice
|