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Pressão alemã altera projeto mediterrâneo
DA REPORTAGEM LOCAL
Nicolas Sarkozy queria
transformar a presidência
francesa da União Européia
(UE) em vitrine para a sua
ambiciosa União do Mediterrâneo (UM), mas teve de
redefinir os contornos do
projeto para dissipar o ceticismo quase generalizado.
A iniciativa, que será formalmente lançada numa cúpula em Paris no próximo dia
13, difere em muito do projeto defendido por Sarkozy
quando era candidato à eleição presidencial, em 2007.
O líder francês queria uma
aliança geopolítica entre os
25 países mediterrâneos, nos
moldes do Processo de Barcelona, lançado em 1995 mas
que nunca vingou -em boa
parte devido à rejeição da
presença de Israel pelos governos árabes do grupo.
Segundo analistas, a UM
seria uma tentativa de reforçar a influência da França no
Sul e ao mesmo tempo oferecer uma alternativa à candidatura da Turquia à adesão à
UE, que desperta ojeriza em
Sarkozy.
A UM trataria de cooperação em áreas como transporte, ciência e energia.
Mas a idéia inicial só teve
apoio significativo de Marrocos, Egito, Tunísia e Israel,
que não desperdiça chances
de demonstrar sua "boa vontade" com os árabes.
A Líbia acusou Paris de
querer dividir os árabes. A
Alemanha, irritada por não
ter sido incluída, acusou Sarkozy de buscar usar fundos
da UE para benefício exclusivo da diplomacia francesa. A
UM emplacou depois que todos os 27 países-membros
foram incluídos.
"O Mediterrâneo é um
conjunto coerente que, uma
vez em paz, será extraordinariamente próspero", diz o
embaixador da França no
Brasil, Antoine Pouillieute.
Ele cita imigração, cooperação acadêmica e tecnológica
como as bases práticas da
parceria mediterrânea.
Mas o projeto continua
contestado. "Não há muita
novidade em relação ao Processo de Barcelona, e ninguém espera que funcione de
fato", diz o analista italiano
Fabio Liberti. "Fora a ONU,
nenhum fórum reunindo israelenses e palestinos funcionou", afirma.
(SA)
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