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"Scorsese" dos ataques investiga Obama no Havaí
DE WASHINGTON
No meio dos produtores de
anúncios negativos, um nome é
considerado uma espécie de
Martin Scorsese dos ataques
políticos, pela crueza e eficiência com que passa sua mensagem. É Floyd Brown, 47, um
dos responsáveis pelo clássico
"Willie Horton", peça exibida
durante a campanha de 1988
que ajudou o republicano
George Bush pai a derrotar o
democrata Michael Dukakis.
Naquele ano, ainda durante
as primárias democratas, o então pré-candidato Al Gore acusou seu oponente, o então governador de Massachusetts,
Michael Dukakis, de ser leniente com o crime, por ter continuado um programa que permitia a detentos passarem o
fim de semana fora da cadeia.
Um deles era Willie Horton,
condenado à prisão perpétua
por assassinato em 1974.
Em sua primeira saída usando o programa de fim de semana, em 1986, já com Dukakis como governador, Horton fugiu,
estuprou uma garota e atacou
violentamente seu namorado,
que morreu. Ele seria preso no
ano seguinte. Quando Dukakis
finalmente bateu Gore nas primárias e enfrentou Bush pai
nas eleições gerais, os republicanos ressuscitaram o caso.
Nas palavras de Roger Ailes,
então assessor do candidato republicano e hoje presidente da
Fox News, "a única dúvida era
se mostrávamos Willie Horton
com uma faca na mão ou sem
ela". A responsabilidade de
produzir o filme foi do jovem
consultor político Floyd
Brown, então com 27 anos.
"Quando tivermos terminado,
as pessoas vão achar que Willie
Horton é sobrinho de Michael
Dukakis", teria dito.
O filme -que pode ser assistido em www.youtube.com/
watch?v=EC9j6Wfdq3o- foi
colocado no ar pelo National
Security Pac 1988 e repetido à
exaustão. No dia 8 de novembro de 1988, Bush bateu Dukakis em 40 dos 50 Estados e levou 53,4% dos votos populares.
Pois Brown está de volta. Hoje aos 47, o consultor pôs no ar
o ExposeObama, site no qual já
há uma coleção de vídeos negativos sobre o candidato democrata. O que já chegou às TVs é
o que pinta Obama como fraco
em relação a crimes e lembra o
de 1988. A resposta a esse anúncio foi um dos primeiros trabalhos do comitê antiinfâmia de
Obama, batizado de "Fight the
Smears", combata as calúnias.
Mas há outros na fila, já sendo distribuídos pela internet,
em sites como YouTube e numa lista de e-mails que, segundo Brown, conta com 2,5 milhões de nomes. O mais engenhoso edita trechos das duas
autobiografias de Obama, na
versão audiolivro, que é lida pelo próprio candidato, de maneira a colocar um discurso racista
antibrancos em sua boca.
Em maio, Brown disse que se
sentia "uma criança numa loja
de doces" nas atuais eleições,
por conta da história de vida de
Obama e da abertura a ataques
que ela dá. A Folha trocou e-mails com ele na semana passada. "Estou no Havaí investigando a família do senador
Obama", disse, antes de parar
de responder. Brown crê que a
atual campanha está prestes a
dar uma "virada", como a de
2004, com John Kerry.
(SD)
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