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CHOQUE NO MAR
Vizinhos culpam um ao outro por iniciar conflito, ocorrido horas antes da disputa pelo 3 lugar na Copa
Batalha naval entre Coréias mata quatro
DA REUTERS
As Coréias do Norte e do Sul se
acusaram mutuamente por uma
batalha naval que deixou quatro
marinheiros sul-coreanos mortos
e lançou dúvidas sobre os esforços para a reconciliação da península. O incidente ocorreu algumas
horas antes de a seleção da Coréia
do Sul disputar -e perder- o
terceiro lugar da Copa do Mundo
para a Turquia.
A Coréia do Sul disse que navios
norte-coreanos se infiltraram pela
fronteira marítima em disputa
pelos dois países e atiraram contra barcos sul-coreanos, matando
quatro marinheiros e ferindo 19.
A Coréia do Norte afirma que
não fez incursão alguma e acusa o
vizinho de "grave provocação".
O ministro da Defesa sul-coreano, Kim Dong-shin, disse que um
de seus navios foi afundado no
mar Amarelo, 170 km a oeste do
Aeroporto Internacional de Inchon, pelo qual passaram os jogadores e torcedores que participaram da Copa na Coréia.
Em entrevista coletiva, o tenente-general sul-coreano Lee Sang-hee afirmou que os navios norte-coreanos atiraram primeiro. Já o
ministro Kim divulgou comunicado em que diz que estava "absolutamente claro que toda a responsabilidade pelo incidente estava com a Coréia do Norte".
"Nosso governo protesta solene
e fortemente e exige desculpas
bem como a punição dos responsáveis por esta pouco razoável
provocação", continua o comunicado divulgado pelo ministério.
A batalha, que teve 20 minutos
de duração, aconteceu na mesma
região em que dezenas de marinheiros norte-coreanos foram
mortos em junho de 1999, depois
de nove dias de incursões norte-coreanas no sul na primeira batalha naval desde a Guerra da Coréia (1950-53).
A Agência Central de Notícias
da Coréia do Norte (ACNC) disse,
citando fontes militares, que "o
Exército sul-coreano cometeu
graves provocações, como disparar contra barcos de patrulha das
forças navais do Exército do Povo
da Coréia que realizavam operações de rotina no mar ocidental
da Coréia".
"Em retaliação, navios de guerra foram compelidos a tomar medidas defensivas. Como resultado, houve troca de tiros entre os
dois lados, o que provocou perdas", completou a ACNC.
O presidente da Coréia do Sul,
Kim Dae-jung convocou uma
reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional para
discutir o assunto. "Nós não podemos tolerar isso. É um óbvio
rompimento do acordo de armistício", disse Kim em comunicado.
As Coréias do Norte e do Sul estão divididas desde a guerra de
1950-53 e, tecnicamente, ainda estão em guerra, pois nunca assinaram um tratado de paz.
O presidente Kim vinha mantendo uma política de reaproximação com a Coréia do Norte que
lhe valeu o prêmio Nobel da Paz.
Um secretário de Kim disse que
ele manteria os planos de viajar ao
Japão para assistir à final da Copa
hoje. No jogo entre a Coréia do
Sul e Turquia, ontem, jogadores
observaram um minuto de silêncio pelas vítimas do incidente.
O Grande Partido Nacional
(GPN), que se opõe à política de
reconciliação de Kim, criticou a
ajuda econômica que a Coréia do
Sul dá ao Norte. Para o GPN, o
Norte é "ingrato" e joga "água fria
na reconciliação". "Como a provocação ocorreu bem quando as
festividades da Copa se encerram
com sucesso, só podemos suspeitar de que esta foi uma ação deliberada e muito planejada", disse o
GPN em comunicado.
"Espero que as ações não tenham sido motivadas pela Copa",
disse Chung Mong-joon, presidente da Associação Sul-Coreana
de Futebol. Chung é visto como
um potencial candidato à Presidência nas eleições de dezembro.
Algumas horas antes do incidente, os EUA haviam proposto
enviar à Coréia do Norte um representante de alto nível para retomar o diálogo entre os dois países, que foi rompido no início da
administração Bush. Os EUA
mantêm 37 mil soldados na Coréia do Sul.
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