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GESTÃO
Empresários congelam vagas, renegociam contratos e diversificam produção para manter as equipes
Criatividade evita cortes de pessoal
SILVIA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em tempos de demanda fraca,
os empresários brasileiros têm de
recorrer ao jogo de cintura para
evitar demissões. Medidas como
a realocação de pessoal e o congelamento de vagas são algumas das
soluções exploradas para manter
o quadro de funcionários intacto.
"O Brasil é o país em que mais se
tem de ter jogo de cintura", confirma a empresária Sônia Hess de
Souza, presidente da confecção
Dudalina. Ela diz que, para driblar a crise, as firmas têm de ser
criativas. Exportar é uma das estratégias para frear os cortes.
"Há meses em que não existe
grande demanda do mercado interno. Nesses períodos, procuramos o mercado externo", conta.
A diversificação dos produtos é
outra alternativa para manter a
equipe em tempos de crise.
Eduardo Faiman, sócio-diretor
da Malharia Tânia, ingressou há
quatro anos no segmento de roupas femininas e tem obtido resultados robustos. Durante quase 50
anos, a empresa produziu somente vestimentas masculinas. "Hoje,
a confecção de roupas femininas
já representa 30% do nosso faturamento", comemora Faiman.
Pesquisa recente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo) aponta que o aumento da produtividade é uma
das alternativas adotadas para lidar com a pressão de custos e com
o fantasma das demissões.
O professor de administração
de recursos humanos da Faculdade de Economia e Administração
(FEA) da Universidade de São
Paulo (USP), Lindolfo Galvão de
Albuquerque, reforça que o crescimento do negócio é condição
para a manutenção da força de
trabalho e eventuais admissões.
"Primeiro [é preciso] crescer, para depois contratar", ensina.
O estímulo ao engajamento dos
funcionários da empresa melhora
o desempenho das corporações.
"Não se deve tratar o empregado
como um recurso, mas como um
parceiro", afirma Albuquerque.
Lógica inversa
Para o diretor de recursos humanos do laboratório alemão
Boehringer Ingelheim, Guilherme Cavalieri, a saída para driblar
a fraqueza econômica deveria ser
o aumento das vendas, e não a diminuição dos custos. "Isso deveria ser o mote das companhias.
Mas muitas vezes as empresas
adotam a medida mais fácil", diz,
referindo-se às demissões.
Repasse do aumento de custos
para o preço final, tomada de empréstimos e diminuição das margens de lucro e dos investimentos
previstos são outras soluções adotadas para evitar cortes.
"São alternativas criativas", diz
a diretora da área de pesquisas
econômicas da Fiesp, Clarice
Messer. "Os funcionários têm um
custo alto [de treinamento] para
que sejam abandonados assim."
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