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NEGÓCIO EM FOCO
Agências apostam no turismo pedagógico, mas lidar com jovens requer logística maior
Viagem escolar segue rumo ao lucro
MARIA HELENA MARTINS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Uma nova modalidade de turismo, o pedagógico, vem chamando a atenção das principais operadoras do país. São viagens cuja finalidade é ensinar biologia, geografia, história e outras ciências.
A idéia é complementar o
aprendizado feito em sala de aula
com roteiros que variam de acordo com a necessidade da escola
que promove a excursão. A filosofia é a do "aprender e se divertir",
mas o negócio é coisa séria.
Pesquisa sobre o setor turístico
realizada pela Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas) no ano passado em 112 municípios constatou que 5% do total
do turismo doméstico tem motivação religiosa ou educacional.
Esse pode ser um nicho interessante, afirma o professor de administração e ex-ministro do Turismo Caio Luiz de Carvalho, mas as
agências precisam de diferencial.
"É preciso inovar, senão o produto fica saturado e morre", diz.
Na opinião do professor de turismo da USP (Universidade de
São Paulo) e coordenador da pesquisa da Fipe, Wilson Rabalty, o
turismo pedagógico representa
um "modismo" que tende a crescer, porque traz "atrativos para
atender a outro tipo de público".
A rede Tia Augusta começou a
trabalhar com destinos históricos
há cinco anos. "Agora, esse serviço equivale a 40% do faturamento", calcula Alipio Camanzano,
diretor comercial da operadora.
O cenário em 2002 e no início de
2003 foi difícil para o setor. Mas
tudo indica que o resto do ano será favorável, diz Camanzano.
"Desde março estamos negociando vários contratos com escolas."
Especificidades
Tecnicamente, o processo de logística das viagens pedagógicas é
mais complicado do que o de uma
viagem normal, já que envolve o
controle de muitas crianças.
Gustavo Mello de Almeida, superintendente da GWA Turismo,
contrata seguranças para acompanhar as viagens com menores
de idade. "Imagine se um ônibus
fura o pneu ou quebra em uma
marginal. É preciso ficar atento à
proteção dos jovens. Nós exigimos isso das escolas", explica.
Os cuidados adicionais, porém,
encarecem a viagem. Um passeio
de um dia, por exemplo, de São
Paulo até o aquário de Santos custa em média R$ 50 por aluno.
A Apel Turismo, especializada
nesse nicho, tem a mesma preocupação. "Antes de tudo vamos
até o local, elaboramos um projeto para as escolas e não fechamos
contrato sem ter antes a definição
da programação", diz Almenor
Tacla, diretor da agência. A expectativa de crescimento da empresa até o ano que vem é de 20%.
José Zunquim, dono da operadora Ambiental -que também
trabalha com esse segmento-,
emprega "um adulto para cada
grupo de quatro alunos", por
questões de segurança. "Nunca tivemos problemas", afirma.
Formação
Os profissionais que trabalham
nas agências especializadas em
turismo pedagógico são geralmente formados em biologia,
geografia ou história. Às vezes, as
próprias empresas são dirigidas
por esses profissionais, como no
caso da Caminhar Saídas Culturais, da empresária e professora
de geografia Rosângela Simões.
De acordo com ela, houve nos
últimos anos um grande aumento
na procura por serviços com fins
pedagógicos. São realizadas geralmente entre 15 e 20 excursões
mensais, com uma média de 45
alunos por viagem. A expectativa
de crescimento da empresa é de
"pelo menos 10%" até 2004.
Os preços das excursões costumam variar bastante. A Ambiental, que promove saídas históricas, cobra conforme o tempo de
permanência. O valor médio fica
em torno de R$ 500 para uma excursão de ônibus que leve de dois
a cinco dias. A agência faz quatro
viagens do tipo por mês, levando
cerca de 30 alunos por saída.
Para que a prática deslanche de
vez, o superintendente da GWA
Turismo, Gustavo Mello de Almeida, defende que haja mais investimentos e isenções tarifárias
para o público jovem. "Hoje, uma
criança com 12 anos de idade que
viaja por uma companhia aérea
paga tanto quanto um adulto",
compara. Para ele, o Brasil deveria
seguir o modelo norte-americano
de descontos para estudantes.
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