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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003


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GESTÃO

Contratação chega a MPEs

Empresas "descobrem" deficientes

DA REPORTAGEM LOCAL

Você procura um profissional capaz de executar tarefas manuais de forma meticulosa e veloz? Que tal contratar um portador de síndrome de Down? E, para melhorar a qualidade do atendimento telefônico da empresa, já pensou em contratar deficientes visuais?
Os exemplos acima fazem parte de uma tendência recente da gestão empresarial. Cada vez mais preocupadas com responsabilidade social, as companhias -independentemente do porte- começam a encarar a contratação de funcionários deficientes como uma estratégia capaz de gerar bons resultados e crescimento.
A novidade consiste em deixar de cumprir uma mera "obrigação" -um decreto-lei de 1999 estabelece cotas para as empresas preencherem o quadro de trabalho com a contratação de portadores de deficiência- e passar a tirar melhor proveito da situação.
A percepção das vantagens que portadores de deficiência podem oferecer -já disseminadas em médias e grandes companhias- deve, em poucos anos, ser absorvida também pelas pequenas e micro, afirmam os especialistas.

Acima da média
Prova disso é a experiência da gerente da loja Revelação 1 Hora, Aucerli Guerra, 37: ela contratou o profissional surdo-mudo Jefferson Rodrigues, 29, para trabalhar com imagens digitais e diz que o desempenho é "acima da média".
"A deficiência potencializa a capacidade de aprendizado dele. No que faz, é melhor do que qualquer outro funcionário", explica.
"Trata-se de uma nova cultura, que abandona a conduta paternalista e aproveita a possibilidade de crescimento trazida pelo funcionário", diz o especialista em RH João Batista de Oliveira.
"Contar com eles enriquece a diversidade humana na empresa. Na prática, agrega novos conhecimentos e aprimora produtos e serviços", defende Oliveira.
Ele compara a contratação de portadores de deficiência com a época em que as montadoras de automóveis passaram a admitir mulheres na produção. "Um leque de detalhes até então despercebidos vieram à tona. O empresário ganha a chance de oferecer um produto mais completo."
Flávio Gonzáles, da Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais, observa que a principal transformação é deixar a filosofia de oferecer aos deficientes apenas "posições de apoio", como para porteiro e copeira.
"Não há posto específico para o candidato deficiente. De acordo com suas qualificações, ele pode fazer qualquer coisa."
(TATIANA DINIZ)


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