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Terceirização incha grupo irregular
Prestadores de serviços afirmam que enfrentam dificuldades para manter a empresa funcionando
FREE-LANCE PARA FOLHA
A onda de terceirização de serviços que tem atingido o país nos
últimos anos é, segundo especialistas, uma das responsáveis pelo
inchaço do cadastro de empresas.
E muitas delas, após um curto período de atividade, poderão engrossar o grupo das irregulares.
"É muito comum que isso ocorra hoje em dia. Uma empresa demite o funcionário, para cortar
gastos e encargos, e o contrata como prestador de serviços", afirma
o auditor Fernando Guerra.
Esse foi o caso do engenheiro
Eduardo Kazniakowski, 29.
"Abrir uma empresa foi uma exigência do mercado. Eu não podia
mais trabalhar como contratado,
então meu chefe sugeriu que eu
fosse um prestador de serviços."
Foi quando surgiu a ZKW, uma
empresa de serviços na área de
engenharia civil. "Fiquei com a
empresa aberta por três anos, mas
o fluxo de notas fiscais era muito
pequeno. Decidi fechar e ficar
apenas com o negócio da minha
família", diz. O processo de fechamento durou dois meses.
Mas há quem espere anos para
conseguir fechar uma empresa,
como o empresário Paulo Roberto da Silva, 42. Em 1991, ele deu
início ao encerramento de sua
empresa de comércio de madeiras. "Quando fiz a primeira consulta, constava um débito de
ICMS, mas até hoje não consegui
regularizar a situação porque
sempre falta um documento."
No processo, Silva já gastou,
além de muita paciência, cerca de
R$ 10 mil. "O contador sempre diz
que falta um documento e que tenho de pagar algo."
No caso do programador Márcio Aloise, 25, foram os custos
previstos pelo contador que o fizeram desistir de encerrar oficialmente as atividades de sua empresa, inativa há mais de um ano.
"Ele disse que custaria R$ 3.000
para fechar. Só que a minha empresa é optante do Simples, não
tenho débitos e não deixei de fazer
nenhuma declaração. Por enquanto, ela continua aberta, e venho pagando ao contador mensalmente para mantê-la em dia."
Mesmo contratando alguém
para cuidar da empresa, Aloise
ainda teve algumas dores de cabeças. "Houve um mês que recebi
uma multa porque o contador havia esquecido de enviar uma declaração à Receita atestando que a
empresa não tinha registrado movimentação naquele mês", conta.
É nesse aspecto que o auditor
Fernando Guerra pede cuidado.
"Há contadores que empurram
com a barriga, e empresários que
acham que a obrigação de manter
a empresa em dia é só do contador. É preciso acompanhar para
evitar surpresas."
(DB)
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