São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004


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Terceirização incha grupo irregular

Prestadores de serviços afirmam que enfrentam dificuldades para manter a empresa funcionando

FREE-LANCE PARA FOLHA

A onda de terceirização de serviços que tem atingido o país nos últimos anos é, segundo especialistas, uma das responsáveis pelo inchaço do cadastro de empresas. E muitas delas, após um curto período de atividade, poderão engrossar o grupo das irregulares.
"É muito comum que isso ocorra hoje em dia. Uma empresa demite o funcionário, para cortar gastos e encargos, e o contrata como prestador de serviços", afirma o auditor Fernando Guerra.
Esse foi o caso do engenheiro Eduardo Kazniakowski, 29. "Abrir uma empresa foi uma exigência do mercado. Eu não podia mais trabalhar como contratado, então meu chefe sugeriu que eu fosse um prestador de serviços."
Foi quando surgiu a ZKW, uma empresa de serviços na área de engenharia civil. "Fiquei com a empresa aberta por três anos, mas o fluxo de notas fiscais era muito pequeno. Decidi fechar e ficar apenas com o negócio da minha família", diz. O processo de fechamento durou dois meses.
Mas há quem espere anos para conseguir fechar uma empresa, como o empresário Paulo Roberto da Silva, 42. Em 1991, ele deu início ao encerramento de sua empresa de comércio de madeiras. "Quando fiz a primeira consulta, constava um débito de ICMS, mas até hoje não consegui regularizar a situação porque sempre falta um documento."
No processo, Silva já gastou, além de muita paciência, cerca de R$ 10 mil. "O contador sempre diz que falta um documento e que tenho de pagar algo."
No caso do programador Márcio Aloise, 25, foram os custos previstos pelo contador que o fizeram desistir de encerrar oficialmente as atividades de sua empresa, inativa há mais de um ano.
"Ele disse que custaria R$ 3.000 para fechar. Só que a minha empresa é optante do Simples, não tenho débitos e não deixei de fazer nenhuma declaração. Por enquanto, ela continua aberta, e venho pagando ao contador mensalmente para mantê-la em dia."
Mesmo contratando alguém para cuidar da empresa, Aloise ainda teve algumas dores de cabeças. "Houve um mês que recebi uma multa porque o contador havia esquecido de enviar uma declaração à Receita atestando que a empresa não tinha registrado movimentação naquele mês", conta.
É nesse aspecto que o auditor Fernando Guerra pede cuidado. "Há contadores que empurram com a barriga, e empresários que acham que a obrigação de manter a empresa em dia é só do contador. É preciso acompanhar para evitar surpresas." (DB)


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