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Locais como Sujinho e Galinha Morta superam estranheza com diferenciais
Cliente releva até os nomes esdrúxulos
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Sem nenhuma outra informação, baseando-se apenas no nome, quem normalmente se arriscaria a comer em um restaurante
chamado Sujinho? Ou procuraria
roupas na Galinha Morta?
Uma marca serve como cartão
de visitas do negócio. Mas essa
apresentação nem sempre busca
cativar os clientes pela beleza ou
por realçar aspectos positivos do
estabelecimento. Pelo contrário:
pode causar estranheza. Mas nem
por isso é sinônimo de fracasso.
Há 20 anos, Afonso Rocha, 39,
comprou o ponto onde fica o Sujinho, na avenida Consolação, região central da cidade. "Já era relativamente famoso", conta. "Vários artistas que se apresentavam
no Teatro Record [que ficava ali
perto] o frequentavam."
O mais curioso é que foram os
próprios clientes que acabaram
batizando o local. "Ele sempre teve cara de antigo", explica Rocha.
E provavelmente nenhum frequentador o conhece pela razão
social, Super Quente Lanches.
O segredo do sucesso? O empreendedor diz trabalhar "com
qualidade, preço bom e atendimento carinhoso". "É o lar fora de
casa. A atratividade reside no fato
de ter se tornado folclórico."
Granja?
A rede Galinha Morta não é um
aviário. Muito menos funerária
de "penosas". Com esse nome, é
difícil imaginar que se trata de loja
de calçados, bolsas e acessórios.
Tudo começou há dez anos,
quando Léa Shuster, 54, montou
uma ponta de estoque no bairro
do Bom Retiro, centro de São
Paulo. "Vendia oportunidades,
lotes a preço de banana", conta.
Um cunhado deu a idéia da designação, uma expressão antiga,
que equivale a "negócio da China": preço de "galinha morta".
"Chama a atenção", afirma Shuster. "As pessoas estranham, mas
acabou se tornando característico
de um estabelecimento que trabalha com modelos bem modernos
e um preço lá embaixo", avalia.
A história da rede, hoje com cinco pontos, confirma a tese de que
nem mesmo um nome esdrúxulo
atrapalha um diferencial de negócio. Segundo sua proprietária, a
Galinha Morta foi a pioneira no
comércio de calçados no bairro.
Morbidez indispensável
A qualificação de Phoenix Assessoria ao Funeral poderia soar
muito atrativa para a Família Addams. Mas quem diria que um
novo conceito de negócio tão
mórbido iria prosperar?
Quando um shopping center
explodiu em Osasco, em 1996, o
empresário Oscar Machado, 32,
ficou sem seu restaurante.
Sensibilizado pela dor de quem
havia perdido familiares no acidente, Machado se disponibilizou
a ajudá-los com os procedimentos dos funerais. E fez disso um
ganha-pão, mesmo com o voto
contrário de sua mulher.
"Passei madrugadas definindo
a estratégia de constituição do negócio", lembra. "Visitei empresas,
estudei tanatologia [parte da medicina que se ocupa da morte]."
Ele calcula em 40% ou 50% a
economia que seus clientes fazem
quando o contratam. "Um funeral envolve pelo menos 15 profissionais. Esse número pode chegar
a 80. Providencio tudo, do bufê à
locação de veículos."
Multinacionais que operam no
Brasil o procuram para cuidar de
executivos estrangeiros que morrem no país. Machado acompanha os corpos até sua terra natal.
Entre os serviços que oferece,
estão a reconstituição física de indivíduos que sofrem acidentes fatais e a maquiagem dos cadáveres.
(EDSON VALENTE)
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