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EM CIMA DO LANCE
Ter o governo como cliente demanda fôlego financeiro
Qualidade do produto, prazo e preço são determinantes para se destacar
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de parecer atrativa, a
idéia de vender para o poder
público requer, antes de tudo,
bastante cautela e preparo.
Segundo o advogado Ariosto
Peixoto, especialista em licitação, a parte da lei que trata da
garantia de pagamento às empresas não foi regulamentada.
"Muitos órgãos são bons pagadores, mas ainda há resquícios daqueles que não pagam na
data marcada e acabam prejudicando o empresário que tem
pouco capital de giro", salienta.
"Algumas empresas podem
até quebrar se não tiverem uma
reserva de capital ou de clientes", complementa Francisco
Guglielme, professor de empreendedorismo da FGV-SP
(Fundação Getulio Vargas).
Para diluir o risco, Roberto
Baccarat, diretor da RHS Licitações, recomenda que o empresário reserve até 40% do
faturamento para licitações.
O desconhecimento da lei
tanto por parte de empresários
como de pregoeiros é outro
ponto contra a participação
das MPEs em compras públicas, de acordo com Sérgio Janikian, 40, diretor do Sindicato
das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo.
"Há lugares em que dizem "aqui
não tem isso", referindo-se à
preferência na contratação."
Em alta
O empresário que consegue
driblar os embaraços colhe frutos. É o caso de Giovani da Silva, proprietário do Minimercado Santa Rita, que vende produtos de hortifrúti e cesta básica à Prefeitura de Altinópolis
(347 km de São Paulo). "Com o
dinheiro, já fiz duas reformas.
Mas ainda não consegui automatizar o meu sistema", conta.
O setor em que Silva atua
-de alimentos-, com o de limpeza e o de uniformes, é o que
mais tende a crescer nesse
mercado, analisa Ricardo Tortorella, do Sebrae-SP. "São nichos tradicionais e esperamos
que sejam o carro-chefe do novo momento das MPEs."
Em nível federal, as áreas que
mais despontam, para Rogério
Santanna, do Ministério do
Planejamento, são as de agências de viagem, venda de livros
e prestação de serviços.
Qualidade
Além de apresentar fôlego financeiro, o empresário não pode se esquecer de investir na
qualidade das mercadorias e
em seu processo de fabricação.
"Se não entregar o produto
ou a qualidade não for a mesma
da que foi solicitada, ele poderá
ser suspenso das licitações por
um período de até dois anos",
afirma Tortorella (leia ao lado).
Preço é outro item com que o
empreendedor deve se preocupar. "Muitas vezes, quem ganha
é quem tem o menor preço,
mas não a melhor qualidade",
comenta Luiz Antonio Medina,
54, proprietário da Socom Alimentos, que participa regularmente de licitações.
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