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Longe da escola
O que professores e alunos têm
a dizer sobre a queda na qualidade do ensino básico detectada
pelo exame que o Ministério da
Educação acaba de divulgar? O
que se passa nas escolas?
São perguntas tão óbvias que
poderiam prescindir de registro,
não tivesse o assunto permanecido mais de uma semana no noticiário sem que o jornal desse nomes e rostos ao diagnóstico oficial. No período, a reportagem se
limitou a reproduzir números, e
mesmo sobre eles pouco refletiu.
Hoje, segundo me informou a
Redação, o caderno Cotidiano
publica a primeira matéria a
respeito dos resultados do Saeb
(Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Básica) em que os
entrevistados são professores e
alunos.
O jornal custou a manifestar
interesse pela vida real, mas não
demonstrou reserva diante das
explicações governamentais.
Primeiro, a de que "a entrada
na escola pública de um perfil de
aluno mais carente puxou a média para baixo". Esboçado inicialmente pelo ministro Paulo
Renato, o raciocínio foi repetido
em entrevistas com a secretária
da Educação do Estado de São
Paulo e com a presidente do órgão responsável pela elaboração
do exame federal.
Nenhuma das duas teve grande dificuldade para passar pelas
perguntas.
Depois, diante da constatação
de que também na rede particular a situação piorou, colheu-se
do ministro a justificativa de que
a escola está "chata", desinteressante para crianças e adolescentes que teriam muito contato
com conhecimento fora da sala
de aula, "em especial via Internet".
Dois ou três números teriam
bastado para mostrar o quanto
a exposição a tal conhecimento
foi superestimada pelo ministro,
a quem convém localizar as causas do problema longe de seu gabinete. Mas nada foi feito para
contradizê-lo.
Como diz um colega, a vantagem de sair da Redação e ir às
escolas é que lá, à diferença do
que ocorreu nas entrevistas
mencionadas, existe a chance de
o repórter se surpreender com o
que vai ouvir.
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